Saúde
‘O que você vai fazer? Nada. Vai esperar chegar o oxigênio’, disse Pazuello em Manaus há três dias
Redes sociais repercutem declaração do ministro e criticam a postura; capital do Amazonas vive um drama
Em pronunciamento durante viagem a Manaus (AM) na última segunda-feira 11, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, comentou sobre a escassez de oxigênio nos hospitais da capital amazonense. Nesta quinta-feira 14, circularam nas redes sociais trechos do discurso, acompanhados de críticas à postura fatalista do general.
“Estamos agora para salvar as vidas dos nossos familiares. Quando cheguei na minha casa ontem, estava a minha cunhada. O irmão não tinha oxigênio nem para passar o dia. Ah, acho que chega amanhã. O que você vai fazer? Nada. Você e todo mundo vai esperar chegar o oxigênio para ser distribuído”, afirmou o ministro na ocasião.
No momento da declaração, Pazuello criticava setores que reivindicam aumento de salário e benefícios. “A discussão não pode ser ‘quanto eu ganho’, ‘quanto vou ganhar’, ‘não ganho aumento há seis anos’. Este não é o momento”.
Nesse mesmo evento, o ministro seguiu o discurso do presidente Jair Bolsonaro e fez uma enfática defesa de um “tratamento precoce” da Covid-19, que consistiria no uso de mediamentos sem eficácia comprovada contra a doença.
Nesta quinta, as redes sociais foram tomadas por relatos sobre o drama em Manaus. À coluna de Monica Bergamo na Folha de S.Paulo, o pesquisador Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia, detalhou os depoimentos que recebeu de profissionais que atuam na linha de frente do combate à pandemia na cidade.
“Estão relatando efusivamente que o oxigênio acabou em instituições como o Hospital Universitário Getúlio Vargas e serviços de pronto atendimento, como o SPA José de Jesus Lins de Albuquerque”, afirma Orellana. “Acabou o oxigênio e os hospitais virar.
A CartaCapital, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgilio Neto (PSDB) declarou que “o especialista em mortes por asfixia era Adolf Hitler, e é isso que está acontecendo em Manaus.”
Assista à declaração de Pazuello sobre a escassez de oxigênio nos hospitais de Manaus (a partir de 31:50″):
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