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Espanha pede ajuda à Otan depois de registrar novo recorde de mortes

As forças armadas espanholas querem assistência humanitária para combater coronavírus

Espanha bate recorde de óbitos por coronavírus. Foto: Ander Gillenea/AFP
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As forças armadas da Espanha pediram à Otan assistência humanitária para combater o coronavírus, que na terça-feira 24 deixou um novo registro diário de mais de 500 mortes.

Como medida “necessária” para deter o vírus, o governo da Espanha, o segundo país mais afetado da Europa depois da Itália, estendeu desta terça-feira até a meia-noite de 11 para 12 de abril o estado de emergência e o confinamento quase total dos 47 milhões de espanhóis.

Desde o início da pandemia, e com as 514 novas mortes registradas em um dia, a Espanha atingiu 2.696 mortes. O número total de casos registrados subiu 20% nesta terça-feira em relação ao dia anterior, atingindo 39.673 infectados, segundo o último balanço do Ministério da Saúde.

 

“Esta é a semana difícil”, na qual será visto se “estamos conseguindo atingir esse pico (de infecções) e começar a diminuir no número de casos”, disse o diretor de emergências de saúde, Fernando Simón, em entrevista coletiva.

Espera-se que a extensão do estado de emergência acordado pelo governo seja ratificada nesta quarta-feira no Congresso.

“É uma medida drástica, estamos cientes disso, mas é necessário”, disse a porta-voz do governo, María Jesús Montero, em entrevista coletiva.

“Tensão” no sistema de saúde

Desde 14 de março, os espanhóis só podem deixar suas casas para irem trabalhar, se não puderem fazer isso de casa, ou para comprar alimentos ou remédios, sob pena de multas.

O governo descartou o aperto das restrições por enquanto, conforme solicitado por algumas autoridades regionais, alegando que existem “setores essenciais”, como a indústria farmacêutica ou o transporte de alimentos, que devem continuar funcionando.

“A melhor nova medida que podemos adotar é pedir aos cidadãos que continuem cumprindo essas medidas drásticas”, disse o ministro da Saúde, Salvador Illa, comemorando o fato de a Espanha ser “um dos países onde o confinamento está sendo mais respeitado”.

Com 2.636 pessoas em terapia intensiva, Illa reconheceu “tensão em algumas partes do sistema de saúde”, principalmente em Madri, a região mais afetada, com um terço das infecções e quase dois terços das mortes.

Em comunicado, a Otan informou que o exército espanhol solicitou “ajuda internacional” para obter suprimentos médicos “para impedir a propagação do vírus em unidades militares e na população civil”.

Especificamente, a solicitação é por 450.000 máscaras, 500.000 testes rápidos, 500 ventiladores para assistência respiratória e 1,5 milhão de máscaras cirúrgicas.

Na região da capital, com 6,5 milhões de habitantes, as autoridades tiveram que habilitar a pista de gelo de um shopping como necrotério devido à saturação dos serviços funerários.

“Não temos capacidade logística para realizar enterros e cremações na proporção em que as mortes estão ocorrendo”, admitiu o prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida.

Não muito longe desse shopping, um centro de convenções foi transformado em hospital para acomodar até 5.500 pacientes.

No resto da cidade, o silêncio das avenidas desertas é quebrado pela passagem de ambulâncias.

Até 5.400 profissionais do sistema de saúde foram infectados, enquanto o governo busca garantir “o fornecimento regular” de equipamentos de proteção, com alta demanda em todo o mundo, disse Salvador Illa.

Quanto aos lares de idosos, que registraram dezenas de mortes nos últimos dias, o governo anunciou nesta terça-feira medidas mais rigorosas para proteger sua população muito vulnerável.

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