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“É um retorno completamente equivocado”

Para o cientista Lucas Ferrante, não existe nenhuma base que resguarde com segurança a volta às aulas em Manaus: “É um retorno completamente equivocado que coloca em risco alunos, professores e seus familiares”. Ferrante, doutorando do programa de Biologia (Ecologia) do Instituto Nacional de Pesquisas da […]

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Para o cientista Lucas Ferrante, não existe nenhuma base que resguarde com segurança a volta às aulas em Manaus: “É um retorno completamente equivocado que coloca em risco alunos, professores e seus familiares”.

Ferrante, doutorando do programa de Biologia (Ecologia) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), toma como base um estudo coordenado por ele e mais sete pesquisadores. Publicado na revista científica Nature Medicine em 7 de agosto, o documento alerta que Manaus pode estar suscetível a uma segunda onda da pandemia.

Os pesquisadores questionam a falta de medidas restritivas adotadas em Manaus como forma de conter a propagação do novo coronavírus ao longo do tempo. O primeiro caso na região foi notificado em 13 de março.

 

“No dia 17 de abril, quando o número acumulado de casos confirmados no Amazonas totalizou 1.809 e as mortes confirmadas totalizaram 145, alertamos que seria necessário um distanciamento social estrito em Manaus e a restrição de viagens estaduais e interestaduais (rodoviária, aérea e fluvial) para evitar que o vírus Sars-CoV-2 se espalhasse no interior do estado”, afirmam os pesquisadores.

“Nenhuma dessas medidas foi tomada e, entre a data do aviso e 20 de julho, os casos confirmados no Amazonas aumentaram 4.051% (atingindo 91.387) e as mortes confirmadas aumentaram 2.069%, totalizando 3.146, de acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), do governo do estado”, afirma outro trecho do estudo.

“É preocupante que o número de casos oficialmente confirmados pelo governo do estado seja maior do que na primeira quinzena de abril, que precedeu o grande pico de casos e mortes que desmoronaram o sistema de saúde em abril e maio. Para evitar uma segunda onda de pandemia na Amazônia, medidas efetivas, como o fechamento de escolas e serviços não essenciais, precisam ser implementadas imediatamente”, cobram os autores.

O artigo leva a assinatura dos pesquisadores Wilhelm Alexander Steinmetz, professor Adjunto e Chefe do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em Manaus; Ruth Camargo Vassão, aposentada do Laboratório de Biologia Celular do Instituto Butantã,  em São Paulo; Alexandre Celestino Leite Almeida, professor da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) no campus Alto Paraopeba; Jeremias da Silva Leão, professor do Departamento de Estatística e Pesquisador do Grupo de Bioestatística da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); Unaí Tupinambás, professor associado do Departamento de Departamento de Medicina Interna da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Philip Martin Fearnside, doutor pelo Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan (EUA) e pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); e Luiz Henrique Duczmal, professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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