Política
Weintraub cita kit gay e Paulo Freire para falar de alfabetização infantil
‘Paulo Freire e kit gay não têm vez no MEC do presidente Jair Bolsonaro’, escreveu o ministro numa rede social
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou nesta quinta-feira 05 um vídeo desenvolvido pelo seu novo Secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, e não deixou de criar polêmicas com duas referências desconexas ao assunto: o suposto “kit gay” e o educador Paulo Freire, que desenvolveu métodos de alfabetização para adultos.
“Paulo Freire e kit gay não têm vez no MEC do Pres. Jair Bolsonaro”, escreveu o ministro, que ainda complementou que Nadalim é o “primeiro sorriso” do ensino no Brasil.
De acordo com Nadalim, o projeto é voltado para incentivar a leitura para crianças. “Os pais podem consultar orientações para a leitura em família, que é primordial para o sucesso escolar das crianças”, diz o secretário nas redes sociais.
Paulo Freire e kit gay não têm vez no MEC do Pres. @jairbolsonaro. Vejam uma amostra do formato/conteúdo do material que o professor @CarlosNadalim preparou para as crianças. Querem saber mais? Sigam o prof. @CarlosNadalim, o novo rosto (e o primeiro sorriso) do ensino no Brasil. pic.twitter.com/hjPjL19fVK
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) March 5, 2020
O ministro espalha, novamente, o mito de que o “kit gay” foi uma política pública desenvolvida para crianças. Segundo o próprio MEC, o programa Escola sem Homofobia, debatido em 2011 ainda no governo Dilma, jamais chegou a ter seu material distribuído.
Além disso, a previsão era distribuir o material para educadores, e não para crianças. O conteúdo havia sido elaborado por profissionais de educação e representantes da sociedade civil e incluía um caderno, três vídeos, cartazes para os educadores e alguns boletins.
Já o método de alfabetização criado pelo educador Paulo Freire, um dos alvos favoritos de Weintraub, parece ser desconhecido ao ministro que o critica. Isso porque é um modo de se alfabetizar adultos, e não crianças, e leva em conta a troca e o diálogo entre professor e aluno.
Freire, quando vivo, recebeu 29 títulos de Doutor Honoris Causa dados por universidades da Europa e da América, e é o terceiro autor mais citado em trabalhos acadêmicos no mundo inteiro.
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