Política

Vereador que denunciou máfia em Limeira já recebeu 15 ameaças

Ronei Martins, que denunciou desvios na merenda escolar, foi avisado que sua morte estava encomendada por R$ 30 mil

O vereador Ronei Martins durante questionamento na CPI. Foto: Divulgação
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Por Moacir Assunção

 

O vereador pelo PT de Limeira, no interior paulista, Ronei Martins, participava das festividades de Natal com a família no ano passado quando recebeu, no celular, uma mensagem em português tosco, aparentemente para passar a impressão de que o autor não dominava a língua:

“E aí seu bosta pedófilo, a morte é pouco para tu, bichinha, não tem graça fuder morto, ou renuncia ou sua família será brutalmente violentada e assassinada com BO. Seu sobrinho será o nr. 1. Aproveite este natal com eles, será o último.”

Martins conta que chegou a balançar. “Meu sobrinho tinha apenas um ano de idade”. Aquela foi apenas a primeira das 15 ameaças que recebeu, por telefone e e-mail, desde que denunciou a chamada Máfia da Merenda, que envolve um cartel de sete empresas da área, atuantes em 56 municípios paulistas. O parlamentar foi o relator de uma Comissão Processante (CP) aberta na Câmara local, que levou à cassação do então prefeito Sílvio Félix (PDT), sob acusação de desvio de recursos públicos, em conluio  com o cartel. “O custo da merenda passou de 7 milhões de reais para 16 milhões de um ano para outro, sem razão alguma. As empresas diziam entregar 600 refeições por dia em escolas de 200 alunos”, exemplifica. Um colega da Câmara chegou a lhe informar que já haveria um matador contratado por 30 mil reais para assassiná-lo e insinuou que ele deveria pagar ao assassino para que ele desistisse.

Até hoje, o caso está sem solução. O principal suspeito de enviar os e-mails com ameaças, um motoboy, foi encontrado morto um dia antes de prestar depoimento e os mandantes não foram identificados. Martins, que não conseguiu proteção oficial, conta com acompanhamento informal de PMs em carros descaracterizados. Para ele, divulgar os fatos equivale a uma blindagem. O vereador colocou no Yotube um depoimento denominado “não quero ser mártir”. O temor dele parece fazer sentido. No dia 9 de agosto deste ano, foi assassinado com cinco tiros o ex-secretário de Turismo e Eventos da cidade, Marcos Francisco Camargo, homem de confiança do ex-prefeito cassado Sílvio Félix. Martins, por sua vez, foi o vereador mais votado da cidade, nas últimas eleições municipais, com mais de 12 mil votos.

Por Moacir Assunção

 

O vereador pelo PT de Limeira, no interior paulista, Ronei Martins, participava das festividades de Natal com a família no ano passado quando recebeu, no celular, uma mensagem em português tosco, aparentemente para passar a impressão de que o autor não dominava a língua:

“E aí seu bosta pedófilo, a morte é pouco para tu, bichinha, não tem graça fuder morto, ou renuncia ou sua família será brutalmente violentada e assassinada com BO. Seu sobrinho será o nr. 1. Aproveite este natal com eles, será o último.”

Martins conta que chegou a balançar. “Meu sobrinho tinha apenas um ano de idade”. Aquela foi apenas a primeira das 15 ameaças que recebeu, por telefone e e-mail, desde que denunciou a chamada Máfia da Merenda, que envolve um cartel de sete empresas da área, atuantes em 56 municípios paulistas. O parlamentar foi o relator de uma Comissão Processante (CP) aberta na Câmara local, que levou à cassação do então prefeito Sílvio Félix (PDT), sob acusação de desvio de recursos públicos, em conluio  com o cartel. “O custo da merenda passou de 7 milhões de reais para 16 milhões de um ano para outro, sem razão alguma. As empresas diziam entregar 600 refeições por dia em escolas de 200 alunos”, exemplifica. Um colega da Câmara chegou a lhe informar que já haveria um matador contratado por 30 mil reais para assassiná-lo e insinuou que ele deveria pagar ao assassino para que ele desistisse.

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