Mundo
‘Vamos liderar pelo exemplo’, diz Marina Silva em Davos
Ministra defendeu ‘constrangimento ético’ para que lideranças promovam ações concretas contra desmatamento e desigualdade


A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, chamou atenção para a desigualdade social no Brasil e no mundo durante o Fórum Econômico de Davos, na Suíça, nesta segunda-feira 16. O evento reúne as maiores elites globais para debates sobre economia, proteção à natureza, entre outros.
Marina afirmou que a defesa do meio ambiente deve estar alinhada ao combate às desigualdades.
“O mundo é desigual. No meu país, tem 120 milhões de pessoas que estão passando fome. Nós tínhamos saído do Mapa da Fome e agora temos 33 milhões de pessoas que estão vivendo com menos de um dólar por dia”, declarou. “A sustentabilidade não é só econômica, não é só ambiental, ela é também social e é também política.”
A ministra disse ver necessidade do que chamou de “liderar pelo exemplo”, ou seja, promover ações concretas e não permanecer apenas nas discussões.
“A gente às vezes pensa que já está fazendo porque a gente está falando, porque a gente está concordando, e não está mudando nada”, afirmou. “Agora, eu já disse de novo: vamos liderar pelo exemplo. Nós podemos falar muitas coisas legais, mas se a gente não reduzir o desmatamento, a gente apenas falou.”
Ela lembrou, ainda, de quando inaugurou um sistema de monitoramento em tempo real sobre o desmatamento, quando foi ministra de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos anos 2000, e foi questionada sobre a possibilidade de constrangimento ao governo.
“Na época, muita gente não entendeu”, recordou. “E eu disse: quero ser constrangida, porque eu quero que o mundo todo saiba onde está acontecendo o desmatamento. E nós precisamos de constrangimento ético. Nós somos os maiores produtores de grãos, e o presidente Lula tem dito: nós vamos matar a fome dos brasileiros também.”
Além de Marina, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, também representa o governo Lula em Davos.
O presidente da República deve viajar ao exterior somente no dia 23, para visitar o presidente da Argentina, Alberto Fernández, e participar de um encontro da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, a Celac.
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