Política

‘Um engodo’, diz Omar Aziz sobre o depoimento de Nise Yamaguchi à CPI da Covid

O presidente da CPI não foi o único a criticar a oitiva; para Renan Calheiros, a médica se contradisse e foi incapaz de oferecer informações

Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
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A cúpula da CPI da Covid criticou o depoimento prestado nesta terça-feira 1 pela médica Nise Yamaguchi, defensora de medicamentos ineficazes contra a Covid-19.

A oitiva, que na avaliação de senadores foi marcada por contradições e ausência de evidências científicas, pode inclusive levar a uma acareação entre a oncologista, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antonio Barra Torres.

Questionado sobre uma eventual reconvocação de Yamaguchi para confrontá-la sobre a promoção de remédios sem eficácia, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que “esse assunto já deu”.

“A pessoa passou oito horas aí e não conseguiu apresentar uma publicação científica sobre cloroquina”, disse Aziz em entrevista coletiva após a sessão. “Geralmente, quem conhece a matéria e a estuda tem isso na cabeça. E, sabendo que ia fazer depoimento, a coisa mais natural seria uma pergunta simples: ‘Quais são os estudos publicados sobre cloroquina e onde deu certo?’. Ela teria que saber de cor e salteado uma resposta dessa. Nada disso aconteceu. Foi um baita engodo que se passou para a população”.

Para Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão, a oitiva de Nise foi “importante não só pelas contradições, mas sobretudo pelas informações que a doutora não teve condições de trazer à CPI”.

“Se ela não sabe hoje, imagine há um ano. Esse foi o nível do assessoramento que teve o presidente da República, através do Ministério da Saúde e do ‘gabinete paralelo‘”, criticou Renan.

Já o ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT-PE), senador titular da CPI, declarou que, “do ponto de vista do debate científico, o tema cloroquina está esgotado”. Ele ressaltou, entretanto, que a comissão deve se aprofundar na análise dos “interesses econômicos e do papel que a cloroquina exerceu no sentido de ser um dos componentes para a construção dessa imunidade de rebanho”.

Na entrevista, Renan Calheiros destacou a necessidade de que a CPI da Covid marcar uma data para o novo depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A reconvocação do chefe da pasta foi aprovada na semana passada.

“Esta CPI investiga a omissão, e estamos diante exatamente disso, um ministro omisso. Ele não é ministro da Saúde, mas, pela omissão, é ministro do silêncio”, disse o relator.

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