Justiça
Um ano depois, Gonet pede reabertura do inquérito sobre interferência de Bolsonaro na PF
O relator do caso no STF, Alexandre de Moraes, havia pedido a manifestação da PGR em maio de 2024
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, informou nesta quarta-feira 15 ao Supremo Tribunal Federal ser favorável a devolver à Polícia Federal os autos do inquérito que apura uma possível interferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na corporação.
O relator do caso, Alexandre de Moraes, havia pedido a manifestação da PGR em maio de 2024. Gonet levou, portanto, quase um ano e meio para responder.
Agora, o chefe do Ministério Público Federal diz ser necessário verificar “com maior amplitude” se houve interferência em apurações da PF, por meio do uso da estrutura do Estado e da obtenção clandestina de dados sensíveis.
Em setembro de 2022, a então vice-PGR Lindôra Araújo defendeu o fim do inquérito contra Bolsonaro. Ela era a segunda na linha de comando do órgão na gestão de Augusto Aras. No ano passado, Moraes mandou Gonet, sucessor de Aras, dizer se concordava com o pedido de arquivamento.
A investigação nasceu de uma acusação do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, atualmente senador pelo União Brasil do Paraná. De saída do governo, Moro declarou, em abril de 2020, que Bolsonaro operava mudanças na diretoria da PF para evitar que investigações atingissem aliados próximos.
Para a antiga equipe da PGR, porém, havia “ausência de elementos mínimos de convicção capazes de justificar o oferecimento de denúncia, estando ausente a justa causa para a deflagração de ação penal”.
Paulo Gonet, por sua vez, defende que a PF avalie se as acusações de Moro têm relação com outras apurações que miram uma organização criminosa responsável por ataques sistemáticos a autoridades, ao sistema eleitoral e a instituições públicas, mediante a utilização de estruturas do Estado.
Após o envio da resposta da PF, prosseguiu Gonet, a PGR solicitará um novo prazo para se pronunciar sobre os relatórios das diligências complementares.
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