Política

Triplex que Lava Jato atribuiu a Lula será sorteado em 2022

Imóvel utilizado pela operação para condenar o petista, em processo que o retirou das eleições de 2018, foi arrematado por um empresário

Foto: Reprodução/TV Globo
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O triplex no Guarujá (SP) que a Lava Jato atribuiu ao ex-presidente Lula (PT) para condená-lo no processo que o retirou das eleições de 2018 será sorteado na internet. A decisão foi tomada pelo empresário Fernando Gontijo, que arrematou o apartamento via leilão.

Poderão participar do sorteio, marcado para 30 de março de 2022, as pessoas que assinarem a plataforma Pancadão, ao custo de 19 reais mensais. Ao jornal Folha de S.Paulo, Gontijo disse que comprou o triplex “mais famoso do Brasil” por considerá-lo “um investimento excelente”.

“Com o sorteio na internet, qualquer brasileiro pode acabar como dono do tríplex, o que é, de certa forma, o melhor desfecho que esse imóvel poderia ter, já que ele tem um valor ligado ao desejo, à história recente do nosso País”, afirmou ainda ao veículo.

Na última terça-feira 7, o Ministério Público Federal do Distrito Federal pediu o arquivamento do processo do triplex. Na manifestação, a procuradora Márcia Brandão Zollinger escreveu que “verifica-se a ocorrência da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal relativamente aos investigados septuagenários, como Luiz Inácio Lula da Silva”.

Nos últimos meses, o petista obteve vitórias impactantes no Supremo Tribunal Federal. Em abril, por oito votos a três, a Corte referendou a decisão do ministro Edson Fachin de anular todas as condenações de Lula na Lava Jato e declarar a incompetência da Justiça Federal em Curitiba nos processos contra o ex-presidente.

Em junho, por sete votos a quatro, o STF confirmou a suspeição do ex-juiz Sergio Moro no caso do triplex do Guarujá. Um dia depois, o ministro Gilmar Mendes estendeu a suspeição a outros dois processos: o do sítio de Atibaia e o da doação de um imóvel para o Instituto Lula.

Em nota, a defesa de Lula declarou que “o pedido de arquivamento apresentado pelo MPF deve pôr fim a caso que foi construído artificialmente a partir do conluio do ex-juiz Sérgio Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol para prender o ex-presidente Lula, retirá-lo das eleições de 2018 e para atacar indevidamente sua reputação, tal como sempre sustentamos”.

Moro e o ex-procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, reagiram nesta semana. Principais responsáveis pelo processo que impediu Lula de concorrer às eleições presidenciais passadas, vencidas por Jair Bolsonaro (PL), criticaram o desfecho do caso do triplex.

O ex-ministro de Bolsonaro escreveu que “manobras jurídicas enterraram de vez o caso do triplex de Lula, acusado na Lava Jato”. Moro afirmou ainda que “crimes de corrupção deveriam ser imprescritíveis, pois o dano causado à sociedade, que morre por falta de saúde adequada, que não avança na educação, jamais poderá ser reparado”.

Dallagnol, em nota, disse que “o pedido de arquivamento por prescrição dos crimes pelos quais o ex-presidente Lula era investigado não tem como fundamento um suposto conluio que jamais foi reconhecido por qualquer tribunal do país, mas sim a prescrição dos crimes em razão da demora da Justiça e da idade do ex-presidente, que tem 76 anos”.

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