Política

Trabalhadores do metrô, CPTM e Sabesp mobilizam votação pública contra privatizações

O objetivo é que, com base nos resultados deste levantamento, seja articulada uma greve unificada e duradoura

Ato de lançamento do plebiscito contra privatização do metrô, CPTM e Sabesp, na Quadra dos Bancários, em São Paulo — Foto: Sebastião Moura/CartaCapital
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Os sindicatos dos Metroviários, Ferroviários e Empresas de Água e Esgoto, como a Sabesp e a EMAE,, lançaram uma consulta pública para medir a opinião popular sobre a privatização dos serviços essenciais em São Paulo.

O objetivo é que, com base nos resultados deste levantamento, que deve ser concluído no próximo mês, seja articulada uma greve unificada e duradoura.

A ação unificada dos sindicatos responde a uma ,percepção de agilidade nessas privatizações. “É um plano que está mais acelerado e mais categórico em prazos com datas marcadas de leilão”, destaca Camila Ribeiro Duarte Lisboa, presidente do Sindicato dos Metroviários.

A Sabesp, avaliam os sindicatos é a estatal que está mais próxima de ser privatizada – um movimento alinhado às promessas de campanha do governador Tarcísio de Freitas. Espera-se que os estudos relacionados ao processo sejam finalizados até julho de 2024.

Para José Antonio Faggian, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, o Sintaema, o momento escolhido para acelerar as privatizações é estratégico. Segundo ele, é provável que o governo queira aprovar os projetos antes das próximas eleições municipais, já que poucos prefeitos desejariam associar seus nomes à privatização da Sabesp.

Já as linhas de metrô e da CPTM devem ter um contrato com concessionária responsável pelo projeto de privatização firmado até 2025, segundo informações oficiais divulgadas em julho deste ano.

Na última segunda-feira 26, Tarcísio se reuniu com 26 prefeitos para apresentar a eles os supostos benefícios das privatizações, como a redução de tarifas e desoneração do Estado. Representantes das três categorias, contudo, questionam essas promessas.

Lisboa chama atenção para o caso da Linha 4-Amarela do Metrô e das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, privatizadas. Desde o início do ano, essas linhas apresentaram o triplo de falhas das geridas pelas estatais: foram 16 episódios, incluindo graves descarrilamentosO caso está sendo investigado pelo Ministério Público, que pede a extinção do contrato com a empresa.

Além desses episódios, a construção da Linha 6-Laranja, gerida pela Via Quatro, enfrenta um ciclo contínuo de greves há cinco meses. O estopim é a terceirização da força de trabalho, cujos membros reivindicam direitos como vale-alimentação, assistência à saúde e outros direitos previstos em lei.

Eluiz Alves de Matos, presidente do Sindicato dos Ferroviários, enfatiza que há diferenças notáveis na qualidade de atendimento entre os operadores de trens estatais e privados, desde a manutenção até a limpeza. “Com a terceirização, eles precarizam a atividade para privatizar.”

Faggian resume o sentimento prevalente entre os sindicatos: “A Sabesp não tira há mais de 20 anos nenhum real dos cofres do estado e devolve em média 400 milhões por ano em dividendos. Entregá-la para o mercado contraria os interesses da população.”

Na Sabesp, a aceleração dos estudos para a privatização ganhou um novo capítulo em agosto. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, oficializou a adesão da cidade às Unidades Regionais de Serviços de Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário (URAEs) do Estado. Essa decisão não apenas reforça o plano de privatização encabeçado pelo governador, mas também estabelece um novo marco contratual, evitando que a estatal se desvincule do governo – algo que era possível sob o antigo regime contratual. Uma ação da bancada do PSOL na Câmara questiona a decisão.

Há expectativa que outras categorias entrem na campanha contra a privatização. É o caso da Apeoesp, que alerta para uma PEC do governo, em vias de chegar à Alesp, que deve propor a realocação de recursos da Educação para a Saúde.

https://www.youtube.com/watch?v=BiFqizWoHxg

Como participar do levantamento

O levantamento público deve seguir até o final do próximo mês. Para participar, os cidadãos podem procurar as urnas localizadas nas sedes dos sindicatos envolvidos, ou contribuir online. A expectativa é coletar 1 milhão de votos.

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