Justiça

‘Todos vamos nos foder’, disse ministro da Justiça em reunião com Bolsonaro

A gravação do encontro integra o acervo das investigações sobre a tentativa de um golpe de Estado em 2022

‘Todos vamos nos foder’, disse ministro da Justiça em reunião com Bolsonaro
‘Todos vamos nos foder’, disse ministro da Justiça em reunião com Bolsonaro
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Foto: Sergio Lima/AFP
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Ministro da Justiça e da Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres afirmou em uma reunião com o então presidente que “todos iriam se foder” caso Lula (PT) ganhasse a eleição de 2022. A declaração ocorreu no encontro realizado em 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto.

O conteúdo da reunião foi divulgado nesta sexta-feira 9 pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A gravação integra o acervo das investigações sobre a tentativa de um golpe de Estado em 2022.

“Eu quero que cada um pense previamente no que vai fazer. Mas todos vão se foder. A teta secou e tem gente desesperada. A força que vai vir contra a gente agora é praticamente isso“, disse o então ministro. “É o momento de entender o que está sendo colocado aqui. Entender o que vai acontecer no Brasil nos próximos meses.”

Torres, um dos alvos da Operação Tempus Veritati (Hora da Verdade, em latim) na quinta-feira 8, alertou os colegas na reunião e pediu que agissem. “Quero que cada um pense no que vai fazer. Eu estou vendo isso se organizando. Dentro da PF já sei quem vai ser o diretor-geral se o PT ganhar. Não tenho dúvida. É ameaçador.”

O ex-ministro também disse, sem apresentar provas, que o governo Bolsonaro estava “desentranhando a velha relação do PT com o PCC“.

Sobre as urnas eletrônicas, alvo preferencial do ex-capitão, Torres garantiu que uma equipe da Polícia Federal estava pronta para acompanhar “passo a passo das eleições e para fazer as perguntas necessárias”.

O vídeo da reunião estava em um computador apreendido na residência do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid. A gravação, pontuou a PF, contém indícios do “arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”.

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