Política

Silêncio de Bolsonaro sobre derrota para Lula dura mais de 40 horas

O candidato derrotado à reeleição se cala enquanto apoiadores bloqueiam rodovias pelo País

Silêncio de Bolsonaro sobre derrota para Lula dura mais de 40 horas
Silêncio de Bolsonaro sobre derrota para Lula dura mais de 40 horas
O ex-presidente Jair Bolsonaro: Foto: Mauro Pimentel/AFP
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) está há mais de 41 horas em silêncio sobre sua derrota para Lula (PT) no segundo turno da eleição. O triunfo do petista foi confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral às 19h57 do domingo 30.

A postura do ex-capitão ao longo de seu governo indicava a possibilidade deste desfecho. Especialmente após Lula recuperar seus direitos políticos, mediante o reconhecimento, pelo Supremo Tribunal Federal, da incompetência e da suspeição do ex-juiz Sergio Moro, Bolsonaro intensificou os ataques ao sistema eleitoral. Ele, porém, jamais apresentou provas de qualquer irregularidade.

Na última semana antes da votação em segundo turno, Bolsonaro e sua campanha tentaram a última cartada: um frágil relatório enviado ao TSE sobre uma suposta fraude na veiculação de inserções da propaganda bolsonarista por emissoras de rádio. O presidente da Corte, Alexandre de Moraes, além de rejeitar a demanda, determinou que o Ministério Público Eleitoral investigue “possível cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito”.

Na madrugada do último sábado 29, após o debate na TV Globo, Bolsonaro disse que respeitaria o resultado da eleição. “Não há a menor dúvida”, afirmou em entrevista à emissora. “Quem tiver mais votos, leva.”

Antes de o pai se pronunciar, Flávio Bolsonaro, senador pelo PL do Rio de Janeiro, publicou uma mensagem nas redes sociais: “Obrigado a cada um que nos ajudou a resgatar o patriotismo, que orou, rezou, foi para as ruas, deu seu suor pelo país que está dando certo e deu a Bolsonaro a maior votação de sua vida! Vamos erguer a cabeça e não vamos desistir do nosso Brasil! Deus no comando!”. Pouco depois, emendou: “Pai, estou contigo pro que der e vier!”.

No início da segunda-feira, a primeira-dama Michelle Bolsonaro publicou versículos bíblicos em seu perfil oficial no Instagram: “Louvai ao SENHOR todas as nações, louvai-o todos os povos. Porque a sua benignidade é grande para conosco, e a verdade do Senhor dura para sempre. Louvai ao Senhor”.

Lula conquistou seu terceiro mandato de presidente da República ao derrotar Bolsonaro por 50,9% a 49,1% dos votos válidos. O petista recebeu 60.345.999 votos, ante 58.206.354 do candidato derrotado à reeleição.

Na segunda-feira 31, Lula recebeu ligações, entre outros, de: Joe Biden, dos Estados Unidos; Olaf Scholz, da Alemanha; Emmanuel Macron, da França; Pedro Sánchez, da Espanha; Marcelo Rebelo de Souza, de Portugal; Recep Tayyip Erdoğan, da Turquia; Gabriel Boric, do Chile; Miguel Díaz-Canel, de Cuba; e António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas.

O petista também se encontrou com o presidente da Argentina, Alberto Fernández. Foi a primeira reunião de Lula após a confirmação de seu triunfo sobre Bolsonaro.

Enquanto isso, apoiadores de Bolsonaro bloqueiam estradas em diversos estados e provocam transtornos. Nesta terça 1º, a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais e os sindicatos dos PRFs do País divulgaram uma nota na qual reafirmam “o compromisso com o Estado Democrático de Direito” e criticam a postura do presidente e candidato derrotado à reeleição.

Segundo o texto, a conduta do ex-capitão ao manter o silêncio “e não reconhecer o resultado das urnas acaba dificultando a pacificação do País, estimulando uma parte de seus seguidores a adotarem ações de bloqueios nas estradas brasileiras”.

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