Política
Sérgio Cabral acusa Pezão de ter participado de esquema de propina
Cabral disse que taxa de propina começou na era Garotinho; citados negam declarações
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) acusou o ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB) de ter ajudado a montar todo o esquema de propina durante seu governo, entre 2007 e 2014. Pezão era vice-governador de Cabral na época e ocupou o posto de secretário de Obras durante a gestão.
Preso desde 2016, Cabral fez as declarações durante depoimento nesta segunda-feira 3, ao juiz Marcelo Bretas, na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, onde são conduzidos os processos relacionados à Operação Lava Jato no Estado.
“O vice-governador e governador Luiz Fernando Pezão participou da estruturação dos benefícios indevidos desde o primeiro instante do nosso governo. Desde mesmo da campanha eleitoral e durante os oito anos em que eu fui governador e, posteriormente, eu tenho algumas informações a respeito”, disse Cabral, segundo imagens da Justiça do Rio de Janeiro, exibidas pela emissora GloboNews.
Cabral citou também o envolvimento da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) no esquema de corrupção. Segundo ele, em uma reunião com o conselheiro da Fetranspor José Carlos Reis Lavoura, houve acerto de valores.
“Eu chamei a Fetranspor, por intermédio do Lavoura [José Carlos Reis Lavoura, conselheiro da Federação], para uma reunião com o Pezão. Eu tive uma conversa prévia com o Pezão antes de fazer essas reuniões em que eu passava e avisava que eu estava saindo do governo, isso tudo por volta de fevereiro e março de 2014. Eu saí no dia 4 de abril”, disse Cabral.
O ex-governador afirmou ainda que houve acerto de valores com Pezão, na mesma reunião. Segundo Cabral, Pezão recebeu uma mesada de 150 mil reais durante oito anos.
“Eu disse para o Lavoura: olha, eu estou saindo no dia 4 de abril. A partir de agora, nós tínhamos o valor de entendimento em torno de 500 mil reais por mês, você passa a entregar agora para o Pezão, por intermédio do Hudson Braga [ex-secretário de Cabral], o Pezão confirmou, e vamos acertar os valores para a campanha eleitoral. Foram 30 milhões de reais para o governador Pezão, para a sua estrutura, e 8 milhões para eu organizar com os meus deputados a quem eu tinha o interesse de ajudar”, afirmou Cabral.
Segundo Cabral, o esquema começou no período dos governos de Anthony Garotinho e Rosinha Matheus. Na gestão Garotinho, diz Cabral, o percentual de propina era de 15% a 20%. Já na era do MDB, Cabral diz que o valor foi diminuído para 5%.
Após o depoimento de Cabral, Pezão também depôs a Bretas e negou todas as acusações que recebeu. Anthony Garotinho também emitiu nota para rechaçar as declarações de Cabral.
“Seu ressentimento em relação a mim e a Rosinha ficou evidente ao afirmar que ‘diminuiu a taxa de corrupção antes praticada’. Se tem alguma prova contra mim, deve entregá-la ao Ministério Público, como fiz em relação a ele e seus comparsas”, escreveu.
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Posted by Anthony Garotinho on Monday, February 3, 2020
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