Política
Sem renovar contrato com institutos, planejamento de Bolsonaro barra ampliação de cobertura vacinal
O Instituto Butantan, por exemplo, não tem contrato assinado com governo para a produção dos imunizantes contra Covid-19, tuberculose e poliomielite
Nos últimos meses da gestão o presidente Jair Bolsonaro (PL), a equipe do Ministério da Saúde não garantiu contratos com as principais fornecedoras de vacinas do País para a produção de alguns imunizantes, como o da Covid-19, tuberculose e poliomielite. A informação é do site UOL.
O Instituto Butantan, por exemplo, informou que não tem nenhum contrato assinado com a pasta para aquisição de vacinas do Programa Nacional de Imunização.
O que coloca em risco a garantia de doses suficientes dos imunizantes contra tuberculose e poliomielite.
Segundo Dimas Covas, diretor executivo da Fundação Butantan, um acordo para a compra de 80 milhões de vacinas da gripe, que deveria ter sido negociado em novembro, só foi concluído em dezembro.
Além disso, o instituto segue no aguardo de respostas para a aquisição da CoronaVac, na qual a produção está parada há quatro meses.
“Temos aqui ainda 2,5 milhões de doses, ao mesmo tempo que temos ouvido vários estados com a segunda dose [para o público infantil] atrasada”, disse o diretor à reportagem. “Não houve manifestação sobre aquisição, e aguardamos o próximo governo definir sobre a CoronaVac”.
O número de imunizantes obtidos até o momento pela pasta não alcança 80% da cobertura vacinal.
O Instituto Bio–Manguinhos, da Fiocruz, informou que a pasta já solicitou produção e fechou acordos para 2023 para todas as vacinas do PNI. Mas também segue sem definição sobre as doses do imunizante contra a Covid-19.
Para o coordenador do grupo técnico de Saúde da equipe de transição, Arthur Chioro, colunista de CartaCapital, a falta de planejamento afeta a meta emergencial de ampliar a vacinação nos 100 primeiros dias de governo Lula.
A pasta recebe o menor orçamento dos últimos dez anos. A queda de R$ 22,7 bilhões no montante, afeta sobretudo os valores disponibilizados para a imunização, cujo orçamento caiu de R$ 13,6 bilhões em 2022 para R$ 8,6 bilhões em 2023.
“Vamos ter dificuldades para colocar a vacinação em dia. Vacina não é fast food, você aperta um botão e sai. Será complicado”, afirma Chioro.
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