Política

Sem ‘cagoete’: Coronel Lawand levou instruções para depor à CPMI do 8 de Janeiro

A lista em posse do militar durante a oitiva ainda tinha instruções como ‘oração’, ‘não aloprar’ e ‘não gesticular’

Sem ‘cagoete’: Coronel Lawand levou instruções para depor à CPMI do 8 de Janeiro
Sem ‘cagoete’: Coronel Lawand levou instruções para depor à CPMI do 8 de Janeiro
Depoimento Coronel do Exército. Coronel do Exército, Jean Lawand Junior. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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O coronel Jean Lawand Junior levou uma pasta com instruções de comportamento para prestar depoimento, nesta terça-feira 27, à CPMI que investiga os atos golpistas de 8 de Janeiro. Na lista, há dicas como “não aloprar”, “mãos juntas” e “oração”.

Lawand depôs à comissão após virem à tona as mensagens golpistas trocadas entre ele e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudantes de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Nos diálogos, eles discutiram um golpe para impedir Lula (PT) de assumir o Presidência.

Na “colinha” do coronel também havia instruções sobre “se alimentar”, “não aloprar”, “não gesticular” e “sem cagoete”. A lista foi publicada graças a um clique da fotojornalista Gabriela Biló, da Folha de S.Paulo:

A existência da lista de recomendações chegou ao conhecimento dos parlamentares presentes na sessão. O senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, chegou a questionar se um dos itens seria “sem cacoete ou sem caguetar”. O depoente afirmou, então, que o objetivo seria evitar tiques.

“Seus advogados deveriam orientá-lo a desconsiderar a parte ‘não caguetar’. A vossa situação no Exército é difícil, porque você indignou. Do ponto de vista penal, vossa situação é difícil”, comentou Randolfe. “Não caia nas orientações de não falar, de não testemunhar a conspiração, porque o vosso depoimento só deixou clara uma coisa: ocorreu uma tentativa de golpe de Estado, com a atuação direta de oficiais das Forças Armadas.”

Durante o depoimento, o militar alegou reiteradamente que a violência registrada em 8 de Janeiro e as conversas entre ele e Cid dias antes marcariam apenas  uma “coincidência”. As versões apresentadas por Lawand foram contestadas até por senadores bolsonaristas, que acusaram o militar de mentir.

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