Rui Costa diz que não recebeu ‘repasse substantivo do governo’ após enchentes na Bahia

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou na noite desta quarta-feira 5 que ainda não recebeu nenhum ‘repasse significativo’ do governo de Jair Bolsonaro (PL) para socorrer desabrigados e recuperar estragos causados pelas fortes chuvas que atingiram o sul do estado no fim de dezembro. Segundo ele, a burocracia seria o grande entrave.

“Ainda não recebemos um repasse substantivo de recursos do governo federal. Eu tenho tido contato com representantes do governo, há interesse, mas a burocracia é muito grande e acaba não sendo acessível o recurso”, explicou Rui Costa via redes sociais. O governador ainda destaca que ‘há cidades devastadas’ que não poderiam mais aguardar mais tempo pelo repasse federal para serem socorridas.

Bolsonaro, por sua vez, tem dito constantemente que seu governo já teria liberado 200 milhões de reais para socorrer a região. A afirmação foi repetida pelo presidente nesta quarta-feira 5 durante a coletiva de imprensa antes de deixar o hospital Vila Nova Star, em São Paulo, recuperado de uma obstrução intestinal. Na entrevista, o ex-capitão disse ainda que outros 700 milhões de reais por meio do Ministério da Cidadania já teriam sido destinados para atender os afetados.

“Acompanhei o caso na Bahia. Dia 12 estive sobrevoando o estado, acompanhei o caso agora. O que nós fizemos? Além de mandar quatro ministros para lá sob o comando do João Roma e do Rogério Marinho, foi a Damares e também o Queiroga. Destinamos 200 milhões de reais para a obras emergenciais de reconstrução de vias, em grande parte na Bahia. Também destinamos recursos de 700 milhões de reais através do Ministério da Cidadania”, listou o presidente ao se justificar da polêmica de que não interrompeu suas férias para visitar a região afetada pelas chuvas.

Recentemente, lideranças políticas também apontaram que o montante liberado por Bolsonaro – que ainda não chegou – seria insuficiente para recuperar os estragos causados pelas enchentes. Isso porque os 200 milhões de reais seriam repartidos por regiões para recuperar estradas federais. A divisão faria com que a região do Nordeste brasileiro ficasse com apenas 40% do total, cerca de 80 milhões.

“Não é possível recuperar as estradas federais com 80 milhões de reais para o Nordeste, 80 milhões não dá para recuperar nem [as estradas federais] da Bahia”, afirmou Rui Costa em coletiva de imprensa na ocasião.

O chefe do executivo baiano estava ao lado do ministro do desenvolvimento regional, Rogério Marinho, quando reclamou do valor ofertado pelo governo federal. Desde então, parlamentares nordestinos defendem a criação de um fundo emergencial específico para atender os estados em caso de catástrofes. A estimativa inicial das lideranças locais para a recuperação total das cidades afetadas pelas chuvas e socorro aos necessitados é de cerca de 1 bilhão de reais.