Renato Freitas é alvo de ofensas racistas na Assembleia do Paraná e ameaçado de cassação

O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSD), ameaçou abrir um processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Renato de Freitas (PT) nesta segunda-feira 9, no Conselho de Ética da Casa.

O estopim foi uma crítica de Freitas ao discurso do deputado delegado Tito Barichello (União), que convidou um grupo de membros de igreja evangélica para se manifestarem contra o aborto na galeria da Assembleia – apesar de nenhuma das pautas discutidas naquele dia tratarem do assunto. 

Na primeira fala, assim que Freitas entrou na tribuna, os presentes começaram a vaiá-lo e uma mulher que assistia a sessão gritou “vai tirar piolho desse cabelo aí”.

Durante seu discurso, Freitas questionava o fato de Barrichello se autodenominar “cidadão de bem”. “Honram com o lábio, porém não apresentam com suas ações”, disse. 

Já em sua segunda, e última fala na sessão, as vaias aumentaram de tal forma que o presidente da Casa, Traiano, precisou intervir para que o petista pudesse prosseguir.

Não sendo respeitado, a parlamentar petista, Ana Júlia, criticou a manifestação dos presentes por atrapalhar intencionalmente o deputado Freitas, sendo incentivados pelo delegado Barichello. 

Por conta do tempo gasto entre ruídos e a fala de Júlia, o presidente Traiano discordou que Freitas perdeu o tempo de fala diante da discussão e pediu para ele prosseguir.

Visivelmente frustrado ao retomar a palavra, Freitas teve o microfone cortado no meio de sua declaração, ao chamar a galeria de “hipócritas religiosos”.

“Aqui não tem hipócrita, limite sua fala. Determino que corte a palavra do deputado, vamos em frente”, afirmou Traiano. E ao ser questionado sobre o regimento que usou para determinar a interrupção, disse que tinha autoridade para tal. 

Freitas, mais uma vez, insistiu em finalizar sua fala usando o microfone de outros parlamentares, mas ao ser mutado novamente, começou Traiano de corrupto.

Foi quando o presidente da Casa ameaçou com processo no Conselho de Ética, cassação por quebra de decoro parlamentar, e também pediu à bancada do PT que retirasse o deputado do plenário. “Vossa excelência vive se vitimizando mais uma vez”, finalizou Traiano.