Política

Reforma agrária: MST volta a cobrar o governo Lula após assassinatos de militantes

O movimento pediu ‘urgência’ pela reforma e ‘justiça pela morte dos camponeses assassinados’

Nesta segunda, militantes do MST fazem protesto em Recife pela morte de Josimar da Silva Pereira, de 30 anos - Divulgação/MST Nacional
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A direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra voltou a criticar a demora do governo Lula (PT) para executar uma política de reforma agrária, em meio à escalada de violência contra integrantes do MST. Nos últimos dias, três trabalhadores foram assassinados em Pernambuco e na Paraíba.

Ao lamentar as execuções, os sem-terra cobraram diretamente a gestão petista pela aplicação de medidas para solucionar conflitos fundiários. “O movimento cobra urgência para que o governo execute as políticas de reforma agrária e faça justiça pela morte dos camponeses assassinados”, afirma o MST, em comunicado.

Os assassinatos aconteceram em áreas que estão no centro de disputas entre assentados e fazendeiros. O caso mais recente foi registrado no último sábado 11. Os camponeses Ana Paula Costa Silva e Aldecy Viturino Barros, ambos acampados do Quilombo do Livramento, em Princesa Isabel (PB), foram mortos a tiros por dois homens encapuzados.

Informações da Polícia Civil e de moradores dão conta de que os suspeitos teriam chegado ao povoado à procura de Aldecy, alegando que o agricultor precisaria assinar um documento. Na sequência, o sem-terra foi surpreendido pelos tiros e morreu no local. Ana Paula, por sua vez, foi atingida e chegou a ser socorrida, mas não resistiu.

Seis dias antes, em 5 de novembro, o agricultor Josimar da Silva Pereira foi alvejado na nuca e nas costas enquanto se locomovia de moto para o Acampamento Francisco de Assis, onde trabalhava na irrigação do plantio de arroz orgânico. O crime aconteceu em Vitória de Santo Antão, a 50 quilômetros de Recife.

A autoria e a motivação das execuções ainda são desconhecidas. No caso de Josimar, o acampamento onde ele estava é alvo de uma disputa na Justiça e enfrenta uma ação de reintegração de posse – a maioria das lideranças locais integra o Programa Estadual de Proteção e Defesa de Defensores dos Direitos Humanos.

“Frente aos assassinatos, o MST assinala que há uma escalada da violência contra acampados e assentados em todos os estados brasileiros, onde ruralistas têm atuado como articuladores de milícias rurais que têm espalhado ameaças, violência e terror no campo”, acrescenta o comunicado.

As cobranças dos sem-terra ao governo Lula por políticas sociais no campo não são recentes e estão ancoradas em números que escancaram um cenário de hostilidade contra camponeses. No primeiro semestre, mais de 970 episódios de conflitos fundiários foram registrados, segundo a Comissão Pastoral da Terra, um aumento de 8% em relação a 2022.

Por outro lado, o MST tem promovido ocupações e protestos como forma de ampliar a pressão sobre a gestão petista. Uma das demandas do movimento é o atendimento imediato de 65 mil família acampadas, com realização de cadastro e compromisso de entrega de terra.

Em julho, o dirigente nacional João Pedro Stédile afirmou em entrevista a CartaCapital que os sem-terra continuarão a ofensiva em terras consideradas improdutivas.

“O ritmo das ocupações não é questão de estatística. Sempre haverá ocupação de terra. Ora, se o governo se antecipar e conseguir áreas para assentar, é melhor. Se não [se antecipar], a turma continuará ocupando”, destacou.

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