Ratinho Jr. também comprou programa espião investigado pela PF

O Governo do Paraná, comandado por Ratinho Jr. (PSD), contratou por 6,2 milhões de reais, o programa First Mile — conhecido como ‘software espião’ — alvo da PF na investigação sobre o uso ilegal da ferramenta por servidores da Abin em monitoramento de críticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

O contrato foi assinado pelo ex-secretário de Segurança Pública do Paraná, o coronel do Exército Romulo Marinho Soares, em 3 de dezembro de 2019. 

Contrato assinado entre o Governo do Paraná e a empresa Suntech, fornecedora do sistema espião — Foto: Reprodução/Portal da Transparência

No contrato, também assinam o diretor financeiro e o diretor comercial da Suntech, hoje, Cognyte, que detém o programa de tecnologia de origem israelense.

Atualmente, Soares é assessor da Casa Civil da gestão Ratinho Jr. 

O Portal da Transparência do Paraná descreve a contratação do software para “fornecimento de equipamento e licenças de uso para a varredura, detecção, identificação, bloqueio seletivo, localização em tempo real e extração remota e instantânea de conteúdo de dispositivos celulares móveis”.

O que diz a Polícia Civil 

Em nota, a Polícia Civil do Paraná respondeu que o programa foi adquirido para a Agência de Inteligência com uso em ações voltadas à segurança pública dentro das “normas legais”. 

O contrato de doze meses não foi renovado, afirmam os agentes. 

Leia na íntegra:

“A Polícia Civil do Paraná (PCPR) esclarece que a ferramenta tecnológica é utilizada por forças policiais do mundo inteiro, colocando o Paraná na vanguarda da segurança pública. A utilizacão da ferramenta sempre se deu com observância das normas legais. A construção de uma segurança pública de primeiro mundo é alicerçada na existência de uma polícia moderna, profissional e bem equipada”.

Tarcísio também tem o programa

Ratinho não é o único governador bolsonarista a apostar na tecnologia de espionagem. Na segunda-feira, veio a público a aquisição do software pelo atual governador de São Paulo, o ex-ministro Tarcísio de Freitas. Ele alegou que a compra foi iniciada na gestão de João Dória (PSDB) e evitou falar em espionagem.