Rastro de sangue

A execução da ialorixá Bernadete Pacífico é mais um capítulo da violenta novela que assombra os baianos

Morticínio. Em 2022, foram registradas 1.464 mortes decorrentes de intervenção policial na Bahia, o maior número do País – Imagem: iStockphoto

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O brutal assassinato da ialorixá Bernadete Pacífico, líder quilombola da comunidade Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, região metropolitana de Salvador, coroa a condição de insegurança pela qual os baianos são submetidos e consolida a Bahia como o estado mais violento do Brasil, conforme revelado, em julho, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em seu Anuário, a mapear a violência no País. Mãe Bernadete, como era conhecida, foi executada na quinta-feira 17 com 14 tiros dos mais de 20 disparados pelos assassinos, que até a conclusão desta reportagem não haviam sido identificados. O motivo do crime continua um mistério.

A principal linha de investigação aponta para uma disputa de terra, uma vez que a área do quilombo desperta cobiça de ruralistas, interessados tanto na exploração de madeira quanto no mercado imobiliário. A ialorixá vinha recebendo ameaças de morte há seis anos e, depois do assassinato do seu filho Gabriel, outra respeitada liderança quilombola, foi incluída no Programa de Proteção de Testemunha. O crime está sendo investigado, sob sigilo, tanto pela Polícia Civil da Bahia quanto pela Polícia Federal.

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4 comentários

CLOVIS DEITOS 26 de agosto de 2023 13h20
Bem vê-se que a Bahia nunca deixou de eleger governantes reacionários. Certamente isso dá uma ideia das mortes patrocinadas pela polícia do estado. Enquanto houver impunidade contra os crimes dos bandidos fardados continuaremos na barbárie.
José Carlos Gama 29 de agosto de 2023 23h33
Não tem desculpa, o governo da Bahia errou. Atribuir essa fato lamentável a quatro anos de desgoverno, não justifica o ocorrido. Era do conhecimento de todos o risco que a lider Quilombola Bernadete corria. Fico com a indignação por ser um governo de esquerda, ainda mais quando se esta no poder desde 2007. Sabemos que existe diferença entre direita e esquerda nesse país, porém esse fato juntou o Yin e o Yang, prevalecendo o YIN em detreimento do YANG o primeiro tem haver com a escuridão e o segundo com a luz.
ricardo fernandes de oliveira 30 de agosto de 2023 12h40
a matéria começou bem, mas do meio para o final começou a apresentar justificativas para o crescimento da violência, atribuindo o problema, principalmente, a Bolsonaro. diz que o governo está comprando viaturas para resolver o problema. como mais viaturas vão reduzir a violência da pm? diz que Jerónimo está providenciando as câmeras para os policiais, mas não informa que Rui Costa negou-se a contrata-las. e dizer que o pt e de esquerda quando só age como um partido de direita só pode ser muita alienação
CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 1 de setembro de 2023 11h07
Ok, tivemos os últimos quatro anos. Mas a Bahia não elegeu Bolsonaro. E o PT a governa há 15 anos. Alguém está tentando explicar o inexplicável. Ou justificar o injustificável. Ou ambos. Ede maneira muito canhestra.

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