Justiça

Randolfe vai ao Supremo para barrar mudanças em diretoria da PF que investiga Bolsonaro

Segundo o senador, as trocas repentinas no comando não seriam meras coincidências – e ocorrem em um momento em que Bolsonaro se vê cercado por investigações

Randolfe vai ao Supremo para barrar mudanças em diretoria da PF que investiga Bolsonaro
Randolfe vai ao Supremo para barrar mudanças em diretoria da PF que investiga Bolsonaro
O senador Randolfe Rodrigues. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Apoie Siga-nos no

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) entrou, nesta quinta-feira 3, com um pedido no Supremo Tribunal Federal para barrar as mudanças na Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor), da Polícia Federal, responsável por investigar o presidente Jair Bolsonaro e outros políticos com foro privilegiado.

A alegação do parlamentar, encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, é de que a troca de comando seja uma interferência ‘evidente e flagrante’ de Bolsonaro na instituição.

As mudanças foram reveladas pelo jornal O Globo, que trouxe detalhes da reunião em que o novo diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira, anunciou aos diretores da PF que faria trocas no comando da Dicor e em outras áreas ligadas ao combate à corrupção. As trocas também envolveriam a cúpula da entidade.

O Dicor, onde tramitam inquéritos de políticos, estava sob o comando do delegado Luís Flávio Zampronha e deve passar para as mãos do superintendente da PF no Ceará, Rodrigo Pellim. É na Dicor onde se apura atualmente a possível interferência de Bolsonaro na PF denunciada por Sergio Moro após sua saída do Ministério da Justiça.

Outra diretoria que Nunes pretende trocar é a de Inteligência Policial (DIP), comandada atualmente pelo delegado Rodrigo Carneiro Gomes, que deve sair. O setor é estratégico por ser responsável pelas investigações a ataques de hackers a diversas instituições, entre elas o STF. Alessandro Moretti, atual diretor da Tecnologia da Informação e Inovação da PF, é cotado para ocupar o posto.

Segundo Randolfe, as trocas repentinas no comando não seriam meras coincidências e ocorrem em uma momento em que Bolsonaro se vê cercado por investigações.

“Não é mera coincidência que a troca repentina e inesperada no comando da Polícia Federal tenha se dado justamente após o órgão ter informado ao Supremo Tribunal Federal, no início de fevereiro deste ano, que concluiu que o Presidente da República, Sr. Jair Messias Bolsonaro, cometeu crime ao divulgar informações sigilosas de uma investigação”, escreve o senador na petição ao STF.

Nunes é o quarto diretor-geral da PF no atual governo e foi nomeado ao cargo na última sexta-feira, por uma decisão do ministro da Justiça, que resolveu exonerar do posto o então diretor-geral da corporação, Paulo Maiurino. Nunes ainda não tomou posse oficialmente, mas já despacha no cargo. Sobre a mudança, Randolfe acrescenta:

“É de se concluir que a interferência na atuação do órgão investigativo é evidente e flagrante. Com a troca da alta cúpula da corporação, almeja-se obstruir as investigações em curso que envolvem o Presidente da República e seus familiares e passar um recado a todos os delegados, agentes e servidores da Polícia Federal: não se pode ir contra os interesses pessoais e familiares do Chefe do Executivo Federal”, diz o senador no pedido.

Por fim, Randolfe então pede a Moraes que proíba Bolsonaro de promover mudanças nas funções comissionadas das diretorias citadas até a conclusão dos inquéritos que apuram se houve ou não interferência do ex-capitão na entidade. O senador também solicita que Bolsonaro tenha que ser autorizado pelo STF caso deseje fazer trocas de funções antes do fim do prazo determinado.

Leia a íntegra do pedido do senador–:

inq 4831 - interferência PF

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo