Política

Rachas em partidos na eleição motivam desfiliações e PDT é sigla com maior número de baixas

Divergências internas resultaram em ao menos 74 pedidos para deixar agremiações e 70% dos casos estão na legenda de Ciro Gomes

Foto: Divulgação/PDT
Apoie Siga-nos no

Divergências dentro dos partidos durante as eleições deste ano ocasionaram crises internas que resultaram em ao menos 74 pedidos de desfiliação. Levantamento do GLOBO mapeou casos distribuídos em todo o país. Desses, 70% se concentram no PDT, sigla que apostou mais uma vez em Ciro Gomes na corrida ao Palácio do Planalto. Mas também há baixas em siglas como PSDB, PT, Novo, Podemos, PSD, MDB, PSB, União Brasil, Republicanos e PP.

Em meio à polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), a falta de convergência com a orientação partidária motivou políticos a deixarem suas siglas. No caso do PDT, críticas à forma com que foi conduzida a campanha de Ciro, o descontentamento com a aliança no segundo turno com Lula, ou a vontade de apoiar o PT ainda na primeira fase da eleição são algumas das explicações para os desligamentos.

A governadora do Ceará, Izolda Cela, deu início a este movimento ainda em julho, na pré-campanha. Ela justificou sua saída pela decisão do partido de lançar o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio à sua sucessão. Elmano de Freitas (PT) foi eleito já no primeiro turno. No estado, oito prefeitos fizeram o mesmo movimento no intuito de apoiar a chapa do PT no estado.

— A polarização tem um impacto grande para a aproximação ou afastamento de um desses polos. No caso do PDT, esse desafio é mais complexo pelo medo de o PT virar o partido hegemônico na esquerda. É o que explica o posicionamento de Ciro Gomes, que rejeitou ficar na órbita de Lula — diz a cientista política Mayra Goulart, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Baixas no ninho tucano

Para além do partido de Ciro Gomes, o PSDB é outra sigla que enfrenta dificuldades. Não à toa o ex-governador de São Paulo, João Doria, e o deputado federal Alexandre Frota (SP) anunciaram suas desfiliações. A aproximação dos tucanos com Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país, no segundo turno, gerou grande incômodo em setores do partido. Até mesmo o irmão de Bruno Covas, o advogado Gustavo Covas, deixou a sigla.

Partidos que não superaram a cláusula de barreira também enfrentam desfiliações. É o caso do Partido Novo que, nas próximas eleições, não terá direito a propaganda na TV. A sigla já não utiliza recursos do fundo partidário.

Derrotado na disputa à Câmara, o vereador de São Paulo Fernando Holiday deixou o Novo e se filiou ao Republicanos. A sigla também saiu deste pleito sem um de seus fundadores, João Amoêdo. Após declarar voto em Lula, ele virou alvo de um processo de expulsão e optou por se desligar.

No Podemos, a baixa foi de um ex-ministro do presidente Jair Bolsonaro. O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, que esteve à frente da Secretaria de Governo, deixou a sigla por causa do alinhamento de integrantes da legenda justamente com Bolsonaro. Santos Cruz foi demitido do governo pelo presidente.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo