Política

Quem são os deputados que disputam o comando da bancada evangélica

Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara (Republicanos-AM) poderão protagonizar uma eleição inédita no grupo

Os deputados Silas Câmara e Eli Borges. Fotos: Agência Câmara
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O comando da Frente Parlamentar Evangélica, popularmente conhecida como bancada evangélica, poderá ser disputado pela primeira vez por uma votação e não por aclamação como ocorre desde a criação do grupo. Isso porque Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara (Republicanos-AM) se dispuseram a ocupar o cargo, mas nenhum dos dois abriu mão da candidatura. Uma tentativa de acordo está sendo costurada.

Eli Borges é um contador ligado a ruralistas e pastor no Tocantins. Ele está no seu segundo mandato como deputado e já foi filiado ao Solidariedade. Borges já foi quatro vezes deputado estadual e concorreu ao cargo de prefeito de Palmas em 2020, mas amargou o terceiro lugar naquela disputa. Ele faz parte da igreja Assembleia de Deus.

Silas Câmara é apontado, neste momento, como o favorito a ocupar o posto. Ele já liderou a bancada evangélica em 2019. Bem mais experiente que Borges, Câmara está no Congresso há cinco mandatos e já foi filiado a uma infinidade de partidos. Atualmente tem apoio do Republicanos, com 19 membros no bloco, o que dá a ele certa vantagem numérica na disputa.

O político, assim como Borges, é pastor da igreja Assembleia de Deus, mas tem bom trânsito entre outras denominações, tendo mediado o acordo entre Cezinha de Madureira (PSD-SP) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) na última disputa pelo comando do bloco.

Favorito ao cargo, Câmara tem, na sua carreira política, diversos envolvimentos com escândalos e acusações de corrupção. Há, por exemplo, acusações de peculato e manutenção de funcionários fantasmas na folha de pagamento do seu gabinete. Durante sua atuação como deputado, Câmara também já foi acusado de corrupção passiva e falsificação de documentos.

Os dois políticos, vale lembrar, são aliados de Jair Bolsonaro (PL) e tentarão, durante a gestão do grupo, levar a pauta de costumes para ser debatida no Congresso. A bancada promete ainda um enfrentamento ao novo governo Lula (PT).

Carlos Viana

O senador Carlos Viana (Podemos-MG). Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Além de Borges e Câmara, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) também se colocou como um nome para liderar o grupo. O parlamentar, porém, não é apontado como um dos favoritos na disputa e, possivelmente, irá comandar a bancada de senadores evangélicos. O político é jornalista e está no Congresso desde 2018, tendo ocupado o posto de líder do governo no Senado durante a gestão de Bolsonaro. Ele já foi filiado a diversos outros partidos, incluindo o PL, de Valdemar Costa Neto. Diferentemente dos seus adversários, Viana é membro da igreja Batista.

Otoni de Paula (MDB-RJ), ex-aliado de primeira ordem de Bolsonaro, também se colocou na disputa na última semana. Horas depois, porém, retirou seu nome de indicados para concorrer ao cargo de liderança dos evangélicos.

Possível acordo

Esta é a primeira vez que a bancada evangélica pode decidir o comando por meio de uma votação. Habitualmente, o grupo costura acordos, indica apenas um candidato e é eleito por aclamação.

Os acordos do grupo, porém, nem sempre são simples, portanto, é comum que sejam finalizados nos últimos minutos antes do prazo final. Na última disputa, por exemplo, Sóstenes e Cezinha chegaram a um consenso para dividir o mandato de dois anos apenas no dia da votação. Cada um dos políticos ocupou a cadeira de líder da bancada por um ano. A mesma costura é oferecida a Borges e Câmara, que ainda não aceitaram.

Uma reunião, marcada para às 10 horas desta quinta-feira 2, deve sacramentar o líder do grupo. O encontro da bancada, diferentemente do que acontece habitualmente, será fechado. A avaliação dos parlamentares que integram a Frente Evangélica é de que o grupo será formado por 132 deputados e 14 senadores. Vale mencionar que três dos novos integrantes e que estarão na Frente – Clarissa Tércio (PP-PE), Sílvia Waiãpi (PL-AP) e André Fernandes (PL-CE) – são investigados por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro.

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