Política

PT vê federação com PSB, PCdoB e PV em estágio avançado

As siglas olham com atenção para o início dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal, que se debruçará sobre a nova modalidade de aliança

Foto: Agência Câmara A presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Foto: Agência Câmara
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O comando do PT avalia que a construção de uma federação com PSB, PCdoB e PV pelos próximos quatro anos está em fase avançada. A impressão foi compartilhada pela presidenta petista, Gleisi Hoffmann, com parlamentares da sigla nesta terça-feira 1º, durante o Seminário Resistência, Travessia e Esperança.

Parlamentares do PT confirmaram, em contato com CartaCapital, a declaração de Gleisi.

As siglas envolvidas na negociação olham com atenção para o início dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal neste ano. A Corte analisará, logo de cara, solicitações relacionadas às federações, como a extensão do prazo para concretizar as tratativas.

A princípio, o limite para formalizar uma federação é o início de abril, segundo determinação do ministro Luís Roberto Barroso, relator do processo no STF. O PT já pediu ao Tribunal a prorrogação do prazo.

“O que se pretende demonstrar é a dificuldade de as agremiações partidárias se adaptarem a tão curto período disponível para a sedimentação de todas as conversas necessárias à constituição de uma federação partidária. Não há dúvidas que, para os próximos pleitos, os prazos estipulados pela decisão na ação de controle de constitucionalidade, bem como a Resolução formulada por esse e. Tribunal são justos e bem coordenados junto ao cronograma eleitoral”, escreveu o partido.

Na semana passada, os presidentes de PT, PSB, PCdoB e PV se reuniram em Brasília para debater o estatuto da federação. Como a aliança envolverá partidos de diferentes tamanhos, discutiu-se um mecanismo para evitar que uma força imponha, isoladamente, uma determinação. O caminho deveria ser o de consenso, mas, na falta de uma convergência integral, 2/3 serão necessários.

Uma discussão envolveu a composição de uma assembleia da federação. Ela seria formada por 50 membros, divididos de acordo com o peso de cada sigla na Câmara: 27 do PT, 14 do PSB, 5 do PCdoB e 4 do PV.

Hoje, o PT tem 53 deputados, o PSB 30, o PCdoB 8 e o PV 4.

Projeta-se um rodízio no comando da assembleia, que teria como direção um presidente e três vices. Uma federação tem de, obrigatoriamente, existir por pelo menos quatro anos, o que possibilitaria que cada sigla tivesse seu turno anual na presidência.

Entraves

O encontro da semana passada não chegou ao cerne das divergências: as escolhas de PT e PSB em estados-chave para as eleições deste ano. Em Pernambuco, um dos estados em que se travou debate mais acirrado nos últimos meses, há uma tendência de resolução, já que lideranças petistas reconhecem que os socialistas, que governam o estado, têm ‘preferência’ para indicar o candidato a sucessor de Paulo Câmara.

Em São Paulo, porém, segue o principal impasse, já que o PT não abre mão de lançar Fernando Haddad – líder das pesquisas sem o ex-governador Geraldo Alckmin – e o PSB insiste no nome de Márcio França.

Nos últimos dias, uma declaração do deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) favorável à pré-candidatura de Haddad abriu uma polêmica entre os socialistas. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, se disse “estarrecido”.

“Estamos em meio a conversas, ele (Freixo) faz uma coisa dessas com o Márcio (França), me deixou estarrecido e causou um mal-estar tremendo. Ele quer sair candidato pelo PT ou pelo PSB? Porque defender essa pauta, do PT, em meio a nossas negociações, ficou muito ruim para ele”, disse Siqueira ao Blog da Andreia Sadi, do G1.

Em seguida, Freixo afirmou: “Isso não passou de um mal-entendido. Eu declarei que São Paulo é um dos lugares mais importantes dessa unidade do campo democrático, e um dos mais difíceis. O PSB tem a candidatura do Márcio França, que é muito respeitado e querido no partido. E o PT tem argumentos também coerentes na defesa da sua candidatura. Mas tenho certeza absoluta de que os dirigentes dos dois partidos são capazes de chegar ao melhor entendimento para todos”.

No Rio, Freixo receberá o apoio do PT, que na semana passada confirmou o lançamento da candidatura a senador do presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano. Nas últimas semanas, o nome de Ceciliano esteve ligado a uma possível candidatura ao governo fluminense, mas a ideia não prosperou.

Nas discussões sobre a federação PT/PSB/PCdoB/PV, também entram na equação as eleições municipais de 2024. As dificuldades para a escolha dos milhares de candidatos a prefeito e vereador daqui a dois anos e meio prometem acirrar as conversas nas próximas semanas.

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