Política

PT, PSB, PCdoB e PV se reúnem para debater federação; entenda os avanços e os impasses do encontro

As escolhas de petistas e pessebistas em estados-chave para as eleições deste ano seguem no centro das discussões

Foto: Agência Câmara A presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Foto: Agência Câmara
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Os presidentes de PT, PSB, PCdoB e PV se reuniram nesta quarta-feira 26 em Brasília para dar prosseguimento às discussões sobre uma federação entre as quatro siglas. A avaliação é de que o encontro superou as expectativas, mas não chegou ao cerne das divergências: as escolhas de petistas e pessebistas em estados-chave para as eleições deste ano.

O objetivo da reunião era avançar na formulação do estatuto da federação. Como a aliança envolverá partidos de diferentes tamanhos – PT e PSB são maiores que PCdoB e PV -, discutiu-se um mecanismo para evitar que uma força imponha, isoladamente, uma determinação. O caminho deveria ser o de consenso, mas, na falta de uma convergência integral, 2/3 serão necessários.

Uma das discussões levantadas envolveu a composição de uma assembleia da federação. Ela seria formada por 50 membros, divididos de acordo com o peso de cada sigla na Câmara: 27 do PT, 14 do PSB, 5 do PCdoB e 4 do PV.

Hoje, o PT tem 53 deputados, o PSB 30, o PCdoB 8 e o PV 4.

Projeta-se um rodízio no comando da assembleia, que teria como direção um presidente e três vices. Uma federação tem de, obrigatoriamente, existir por quatro anos, o que possibilitaria que cada sigla tivesse seu turno anual na presidência.

Também entram na equação as eleições municipais de 2024. As dificuldades para a escolha dos milhares de candidatos a prefeito e vereador daqui a dois anos e meio prometem acirrar as conversas.

“Foi uma boa reunião, em que iniciamos a discussão do estatuto da federação, com grande grau de convergência. Continuaremos na próxima segunda feira as conversações”, disse a CartaCapital a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

Para a presidenta do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, os quatro partidos entendem cada vez mais “o papel estratégico que a federação terá numa eventualidade de vitória [na eleição presidencial], para governabilidade, ou para resistência em caso de adversidade”.

Segundo ela, porém, as divergências na relação entre PT e PSB nos estados estão no centro da necessidade de ampliar o prazo para oficialização da federação. Lideranças das siglas querem a autorização do Tribunal Superior Eleitoral para concluir as negociações até junho, mas, neste momento, vale a data-limite de 1º de março para apresentar à Corte o pedido de reconhecimento da federação.

A tendência é de que, nas próximas semanas, dirigentes locais dos quatro partidos se reúnam para tentar aparar as arestas e definir as candidaturas a governos estaduais.

No Rio de Janeiro, o caminho está pavimentado para o PT oficializar, nas próximas semanas, o apoio a Marcelo Freixo, do PSB.

Em Pernambuco, diz Luciana Santos, debateu-se “na última quinta-feira que, entre PT e PSB, a primazia da escolha para governador é do PSB”. A tendência é de que o governador Paulo Câmara, do PSB, que está no último ano de seu 2º mandato, defina o nome do partido para as eleições de outubro. Desta forma, o PT retiraria da mesa o nome do senador Humberto Costa, apresentado como pré-candidato.

Na semana passada, o ex-presidente Lula reforçou, durante entrevista a sites e blogs progressistas, que o PSB tem o direito de lançar candidato próprio em Pernambuco. “É o estado em que o PSB tem a direção mais forte”, disse.

Lula também garantiu que, apesar de o PT ter dois potenciais candidatos (Humberto Costa e Marília Arraes), o partido ficará de fora da disputa caso o PSB defina candidatura.

Em São Paulo, porém, segue o principal impasse, já que os petistas não abrem mão de lançar Fernando Haddad – líder das pesquisas sem o ex-governador Geraldo Alckmin – e os pessebistas insistem no nome de Márcio França.

Reservadamente, como é de seu feitio, Alckmin – potencial candidato a vice-presidente na chapa de Lula – indicou a Haddad que tende a manter uma participação ativa na campanha do petista rumo ao governo paulista. O ex-tucano planeja, inclusive, acompanhar Haddad em agendas pelo estado.

Na sexta-feira 21, o presidente do PT paulista, o ex-ministro Luiz Marinho, repetiu em entrevista a CartaCapital“Tenho certeza de que o candidato em São Paulo será o Fernando Haddad. Vamos consolidar esse processo com o PSB e o Haddad sendo o candidato a governador.”

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