Política

PT pede CPI para investigar tiroteio em Paraisópolis durante a campanha de Tarcísio

Legenda alega que, após cinco meses, ‘ainda não se sabe ao certo o que aconteceu’; um jovem de 27 anos foi morto na ocasião

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Rogério Cassimiro/Governo do Estado de SP
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A bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo solicitou oficialmente a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o tiroteio em Paraisópolis, ocorrido durante a campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo do estado, no ano passado.

O requerimento é de autoria do deputado estadual Paulo Reis (PT) e amealhou 32 assinaturas entre os 94 parlamentares da Casa. Caso instaurada, a CPI terá o prazo de 120 dias para realizar as apurações, com nove deputados. Durante os trabalhos, os parlamentares podem convocar depoimentos, requisitar documentos e realizar diligências.

O tiroteio ocorreu em 17 de outubro de 2022. Na ocasião, Tarcísio interrompeu o ato de campanha em Paraisópolis, uma comunidade de cerca de 100 mil habitantes na zona sul da capital de São Paulo.

Um homem foi morto após ter sido baleado na rua do Polo Universitário onde ocorreria a agenda de Tarcísio. O jovem Felipe Silva de Lima tinha 27 anos.

O PT argumenta que, depois de cinco meses, “ainda não se sabe ao certo o que aconteceu”. O partido menciona as hipóteses de atentado ao então candidato, perseguição policial ou uma guerra entre facções criminosas.

O documento relembra que, de início, aliados do então presidente Jair Bolsonaro (PL) cogitaram que a troca de tiros estaria relacionada a partidários de esquerda e ao tráfico de drogas. Por outro lado, houve a suspeita de que Tarcísio “se valeu da situação a fim de aumentar a sua reputação e angariar votos”.

Na época, o grupo Tortura Nunca Mais também apontou “fortes indícios de execução” contra o jovem. O movimento destacou que a Secretaria de Segurança Pública refutou a versão de que havia ocorrido um atentado e frisou que a Polícia Civil declarou não ter encontrado nenhuma arma de fogo com o rapaz baleado.

Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou, uma semana depois, que a equipe de Tarcísio mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens que registraram o tiroteio. Apesar de um áudio comprovar o fato, a campanha do ex-ministro bolsonarista emitiu uma nota em disse não ter ocorrido “nenhum impedimento”.

O requerimento de CPI solicita a apuração da conduta por suspeita da prática dos crimes de obstrução à Justiça, favorecimento pessoal, supressão de documento, fraude processual e coação no curso do processo.

Suplicy protagoniza confusão

O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), um dos signatários, protagonizou um enorme bate boca no corredor do departamento que oficializa os protocolos de requerimentos de CPI.

O parlamentar tentou obter prioridade para protocolar o pedido de CPI sobre Paraisópolis, sob o argumento de que o Estatuto do Idoso prevê a sua preferência. O petista, de 81 anos, tem a idade mais avançada na Casa. A tentativa, porém, não foi acatada pela Assembleia.

A iniciativa de Suplicy ocorre após o PT protestar contra a fila que se formou para a abertura dos protocolos. O partido alegou tentar reverter uma “manobra” da base governista de Tarcísio na Alesp.

A fila começou a se formar na terça-feira 21, dias antes da data para o protocolo, nesta sexta. A predominância era de assessores do PL e do Republicanos, que integram a base do governo.

O PT disse que o movimento governista ocorreu para dificultar que a oposição protocole pedidos de CPI. Como as análises ocorrem por ordem de chegada, os pedidos da oposição ficariam por último.

A legenda sustenta que o período de protocolos estava suspenso porque seria disponibilizado um sistema digital.

No entanto, segundo a bancada petista, os assessores da base do governo se enfileiraram para protocolar os pedidos fisicamente, com informações privilegiadas sobre a data, sem a devida orientação aos partidos da oposição. A fila teve direito a pizza e refrigerante durante a noite, enquanto os assessores se revezavam.

O novo presidente da Alesp, André do Prado (PL), referendou a legitimidade da fila em ato oficial. Na quinta-feira 23, o PT entrou na Justiça para questionar a decisão. Suplicy também encaminhou à Presidência da Alesp um exemplar do Estatuto do Idoso e solicitou a prioridade para o requerimento.

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