Política

PT de SP se reúne com indicado de Tarcísio à Alesp em meio a negociações por 1ª secretaria

Petistas planejam compor mesa diretiva da Assembleia com André do Prado (PL) e ampliar presença em comissões

André do Prado (PL), indicado do governador Tarcísio de Freitas à Presidência da Alesp. Foto: Assembleia Legislativa de São Paulo
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A bancada estadual do PT de São Paulo se reuniu formalmente pela primeira vez nesta terça-feira 14 com André do Prado (PL), indicado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Presidência da Assembleia Legislativa. O encontro durou pouco mais de uma hora e foi até o início da tarde.

A conversa ocorre um mês antes da eleição na Alesp, marcada para 15 de março. O PT tem articulado para ocupar a 1ª secretaria, cargo que vem logo abaixo da Presidência, sob a justificativa de que a federação elegeu a mesma quantidade de parlamentares que o PL. São dezoito petistas, mais a deputada Leci Brandão, do PCdoB.

Na reunião, o PT apresentou reivindicações a André do Prado. Petistas querem aumentar a presença nas comissões da Casa, sob o argumento de que a bancada cresceu. Na última legislatura, a legenda contava com dez nomes.

A Alesp tem 19 comissões, a maioria com 11 vagas. CartaCapital apurou que o PT quer garantir pelo menos duas vagas em cada uma. Nas três comissões onde há 13 vagas, os petistas pleiteiam três. São elas: Constituição, Justiça e Redação; Assuntos Metropolitanos e Municipais; e Transportes e Comunicações.

A expectativa é de que Prado ainda converse com o PL para avaliar o pedido.

Apesar de considerar que a ocupação da 1ª secretaria seja um “direito consolidado”, o indicado do PT para o posto também precisa obter maioria de votos na Alesp para garantir o cargo.

A expectativa é de que Prado consiga esses votos. Segundo um dos participantes da reunião, o deputado do PL garantiu que reunirá os votantes necessários para o PT.

À reportagem, Prado não assegurou unanimidade, já que há parlamentares novos que resistem em votar no PT, mas disse crer que são minoria e que ainda tenta convencê-los. O possível presidente da Alesp também vislumbra espaço para o PSDB na mesa diretiva, após os tucanos encerrarem mais de duas décadas de poder na Casa.

Para a líder do PT na Alesp, Márcia Lia, o PL está rachado, e Prado não representa os bolsonaristas. Em entrevista publicada na semana passsada, a parlamentar afirmou considerar o indicado de Tarcísio “uma pessoa do diálogo”.

O deputado André do Prado (PL) é favorito de Tarcísio de Freitas para a Alesp. Foto: Reprodução/Instagram

A bancada petista segue com três nomes na disputa para a 1ª secretaria: Ênio Tatto, da família Tatto e irmão do secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto; Teonilio Barba, avalizado pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho; e Emídio de Souza, que foi coordenador do programa de governo de Fernando Haddad na eleição estadual passada.

A expectativa é de que o PT decida internamente um desses nomes até 28 de fevereiro, para lançar candidatura. Até lá, outros nomes podem surgir. Conforme prevê o acordo, o partido não deve lançar candidato à Presidência e pretende votar em André do Prado.

O PT garante que seguirá como oposição a Tarcísio de Freitas. Os petistas prometem uma grande oposição ao projeto de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp.

Fundada em 1973, a Sabesp é considerada a maior companhia de saneamento do Brasil. A empresa é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 375 municípios, a 30 milhões de paulistas.

A venda da empresa estadual já foi declarada como uma das prioridades do governador até 2024.

Em 7 de fevereiro, os deputados da Frente Parlamentar Contra a Privatização da Sabesp retomaram as mobilizações com uma audiência pública sobre o tema. O bloco é coordenado por Emídio de Souza.

Na ocasião, os parlamentares lançaram um manifesto com 21 assinaturas, em que mencionam experiências em outros países nas quais as privatizações dos serviços de saneamento não teriam se mostrado eficientes.

Os deputados se baseiam em um estudo do Instituto Transnacional, sediado na Holanda.

Os investimentos prometidos não foram suficientes, as tarifas subiram muito, e o serviço, em muitos casos, piorou“, diz o texto. “Entretanto, havia elevadíssimas somas de remessas de lucros e de pagamentos de bônus para os executivos das empresas privadas.”

Na manhã desta terça, manifestantes protestaram em frente ao prédio da Bolsa de Valores.

Uma nova agenda de trabalhos deve ser estabelecida apenas depois do dia 15 de março, quando a Frente terá de ser reconstituída. Um dos planos é mobilizar políticos na esfera federal contra a venda da empresa.

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