Política

PM admite ter alterado cena em Paraisópolis após tiroteio em agenda de Tarcísio

O agente afirmou que sua atitude ‘seria para que [os objetos] não fossem perdidos ou subtraídos por populares’, segundo depoimento obtido pelo UOL

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Foto: Reprodução/TV Globo
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Um policial militar afirmou ter adulterado a cena do crime após o tiroteio que interrompeu uma agenda do candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 17 de outubro. O episódio deixou um suspeito morto em Paraisópolis, na Zona Oeste da capital paulista.

Segundo reportagem publicada nesta quarta-feira 26 pelo UOL, um tenente da PM admitiu, em depoimento à Polícia Civil, ter recolhido cartuchos, estojos, carregador de pistola, coldre, um celular e um relógio do local. O agente, que teve o fuzil apreendido após participar do confronto, alegou que sua atitude “seria para que [os objetos] não fossem perdidos ou subtraídos por populares”.

Questionada, a Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo não comentou diretamente a conduta do policial e apontou detalhes das investigações sobre o tiroteio.

Na terça 25, um áudio revelado pela Folha de S.Paulo mostrou que um membro da campanha de Tarcísio mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio em Paraisópolis. Na ocasião, um homem identificado como Felipe Silva de Lima, de 27 anos, morreu após disparos de arma de fogo.

Em nota, a campanha do bolsonarista chamou o episódio de “traumático” e rebateu acusações de que teria pressionado para que imagens da ocorrência fossem apagadas. O texto da equipe afirma que “nunca houve nenhum impedimento por parte da campanha” em relação à divulgação dos registros.

O grupo Prerrogativas, formado por advogados e juristas, protocolou uma petição no Supremo Tribunal Federal a fim de cobrar uma investigação sobre a ordem da campanha de Tarcísio ao cinegrafista da Jovem Pan e a exploração político-eleitoral do tiroteio.

“Após o áudio vir a público, descobriu-se que paira sombra capaz de nublar os olhares e a percepção da sociedade diante dos fatos ocorridos. Isso porque aventou-se hipóteses a respeito do envolvimento do candidato no tiroteio, que ocasionou uma morte. Nesse sentido, impera a imprescindibilidade de atuação investigatória a respeito do que de fato ocorreu na manhã da troca de tiros ocorrida em Paraisópolis”, diz um trecho do documento.

O grupo ainda argumenta que Tarcísio e o presidente Jair Bolsonaro (PL), “ao noticiarem e publicizarem que o candidato havia sofrido ‘um atentado'”, poderiam ser investigados no âmbito do Inquérito das Fake News, em tramitação no STF.

“Considerando o teor do presente Inquérito (…), em virtude da presença de fortes indícios da disseminação consciente e voluntária de fake news com o aparente propósito de atentar contra a democracia e as instituições brasileiras, requer-se sejam tomadas todas as providências que o Supremo Tribunal Federal entender cabíveis para assegurar a preservação do ambiente democrático e da verdade e igualdade na sociedade brasileira, máxime no processo eleitoral em curso.”

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