Política

PF exonera delegada da Interpol que atuou na ordem de prisão de Allan dos Santos

Em sua carta de despedida, Dominique Oliveira disse que fez ‘algum comentário que contrariou’ a direção da Polícia Federal

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Foto: Reprodução
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A Polícia Federal decidiu exonerar a delegada Dominique de Castro Oliveira, que atuava junto à Interpol e foi responsável pela ordem de prisão internacional do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.

De acordo com o jornal O Globo, Dominique foi informada nesta quarta de que seria demitida do posto e deveria retornar à Superintendência da PF no Distrito Federal. Ela foi a responsável pelo processamento da ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para incluir o mandado de prisão na lista de difusão vermelha.

Em sua carta de despedida, revelada por Guilherme Amado no site Metrópoles, a delegada disse que fez “algum comentário que contrariou” a direção da PF. “Qual foi, quando, para quem, em que contexto e ambiente, não sei. A chefia também disse que não sabe, cumpriu uma ordem que recebeu.”

“Naturalmente, o sentimento que me invade neste momento não é o melhor. Além da incredulidade, há a forte sensação de revolta e de estar sendo injustiçada, inclusive por não ter nenhuma função de confiança na INTERPOL, nem mesmo a substituição da chefia”, acrescentou Oliveira.

A Interpol, porém, ainda não incluiu o nome do blogueiro na lista internacional de procurados da Justiça.

Em 9 de novembro, o Ministério da Justiça já havia exonerado a delegada da PF Silvia Amelia da Fonseca do cargo de diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional. Ela também esteve envolvida no pedido de extradição de Allan dos Santos.

Em 21 de outubro, Moraes determinou a prisão de Allan, que está nos Estados Unidos. O ministro mandou o Ministério da Justiça iniciar imediatamente o processo de extradição e ordenou que a PF incluísse o mandado de prisão em uma lista da Interpol.

Allan dos Santos é investigado em dois inquéritos que tramitam no STF: o que apura a divulgação de fake news e de ataques a integrantes da Corte e o que mira a ação de milícias digitais que atuam contra a democracia.

No despacho em que pede a prisão do blogueiro, Moraes escreveu que “a utilização de seu canal nas redes sociais, usado como verdadeiro escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas, aliado ao fato de ter se ausentado do território nacional durante as investigações, passando a perpetrar suas condutas criminosas dos Estados Unidos da América, tem conferido a Allan Lopes dos Santos uma verdadeira cláusula de indenidade penal para a manutenção do cometimento dos crimes já indicados pela Polícia Federal, não demonstrando o investigado qualquer restrição em propagar os seus discursos criminosos”.

Sobre o blogueiro, o magistrado também anotou que “o poder de alcance de suas manifestações tem contribuído, de forma inequívoca, para a animosidade entre os Poderes da República e para o ambiente de polarização política que se verifica no Brasil, com verdadeiro incentivo para que as pessoas pratiquem crimes”.

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