Política

PF apura se há relação entre venda de refinaria na Bahia e joias árabes recebidas por Bolsonaro

O novo foco de investigação tem como base um relatório da Controladoria-Geral da União

Presidente da República, Jair Bolsonaro, durante chegada à cidade de Abu Dhabi, para visita oficial aos Emirados Árabes Unidos. Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
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A Polícia Federal apura se a venda da refinaria baiana Landulpho Alves a um fundo dos Emirados Árabes Unidos teria relação com as joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante visita ao país. O novo foco de investigação tem como base um relatório da Controladoria-Geral da União que apontou fragilidades na privatização do polo.

O documento foi enviado à Diretoria de Inteligência Policial pelo diretor-geral da PF, Andrei Passos, apurou CartaCapital. O material será analisado em conjunto com outras provas obtidas no âmbito do inquérito sobre os valiosos presentes oferecidos por governos estrangeiros ao ex-capitão.

Nas redes sociais, o advogado-geral da União, Jorge Messias, chegou a cobrar do ministro Vinícius Marques, titular da CGU, o envio do documento para análise da PF. “Importante esclarecer se há alguma conexão com o episódio das joias”, justificou.

A refinaria, localizada em São Francisco do Conde (a quase 43 quilômetros de Salvador), foi vendida pela Petrobras em novembro de 2021 ao Mubadala Capital, subsidiária do fundo soberano Mubadala, controlado pela família real dos Emirados Árabes Unidos.

O polo foi rebatizado de Refinaria de Mataripe e é controlado atualmente pela Acelen, empresa criada pelo grupo Mubadala.

Dias antes da operação, Bolsonaro recebeu objetos de alto valor de integrantes da família real, como um relógio de mesa cravejado de diamantes, esmeraldas e rubis, além de três esculturas.

À época, a venda foi concluída ao custo de 1,6 bilhão de dólares. Auditores da CGU, contudo, identificaram que a análise do valor de mercado da refinaria foi feita no momento em que os valores estavam impactados pela pandemia. Isso, segundo o documento obtido por CartaCapital, pode ter derrubado o preço avaliado.

“[A venda da refinaria] não foi realizada de forma apropriada, ocasionando risco de impacto negativo no resultado financeiro”, diz um trecho do relatório.

Um eventual elo entre a venda da refinaria e as joias recebidas por Bolsonaro já havia sido alvo de questionamentos da Federação Única dos Petroleiros ao Ministério Público Federal no auge do escândalo.

Agora, os petroleiros preparam uma nova ofensiva jurídica com base no relatório da CGU. A entidade deve ingressar com um pedido de investigação disciplinar e afastamento imediato dos agentes da Petrobras responsáveis pela operação.

Procurada, a Petrobras informou, em nota, que o processo de venda da refinaria ocorreu de acordo com os procedimentos de governança e conformidade da empresa.

“Na ocasião, o processo também foi avaliado por órgãos externos. Posteriormente, o tema foi apreciado também pelo Tribunal de Contas da União, que concluiu que o processo atendeu à referida sistemática”, acrescentou.

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