‘Petrobras segue comprometida com os desinvestimentos no setor de refino’, diz novo presidente

O novo presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, disse que dará continuidade às privatizações na Petrobras, sobretudo no setor de refino, sob a alegação de que o procedimento atrairá investimentos.

A declaração ocorreu nesta quinta-feira 14, durante cerimônia de posse na estatal, sob a presença do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O presidente Jair Bolsonaro (PL) não estava presente.

Segundo Coelho, os desinvestimentos em campos maduros onshore e offshore prosseguirão, “de modo que empresas com porte adequado, com experiência nesses tipos de ativos, possam dar continuidade à produção”.

Um campo maduro de petróleo é a área cujo tempo de exploração já ultrapassou os 25 anos ou cuja produção acumulada é correspondente a 70% de tudo o que poderia produzir em sua vida útil.

A prática é criticada, no entanto, pela Federação Única dos Petroleiros, que reivindica que essas áreas recebam investimentos públicos para projetos de revitalização e de novos tipos de exploração.

Coelho também afirmou que é seu objetivo seguir com a privatização no refino, embora setores de oposição ao governo protestem para que as refinarias da Petrobras sejam ampliadas com verbas estatais.

“A Petrobras segue comprometida com os desinvestimentos no setor de refino de petróleo”, disse o novo presidente.

O executivo quer ainda abrir mais o mercado de gás natural. Ele citou os desinvestimentos já realizados, como nos casos que envolvem a Transportadora Associada de Gás S. A., a TAG, e a Nova Transportadora Sudeste, a NTS.

O novo presidente disse que seguirá em frente com os desinvestimentos nas empresas Gaspetro, Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil e a Transportadora Sul-Brasileira de Gás.

Especialistas consideram, contudo, que essas operações que deixam as riquezas nacionais sob a gerência de entes privados podem aumentar a dependência brasileira em relação às dinâmicas de outros países.

Após o discurso de Coelho, o ministro de Minas e Energia reforçou as intenções da nova direção e declarou que o projeto de privatizações da Petrobras tem sido “um sucesso”.

“Os projetos de desinvestimentos da Petrobras têm contribuído para a empresa reduzir a sua dívida e ter a capacidade de aplicação em negócios com maior retorno financeiro”, afirmou Bento Albuquerque. “Ao mesmo tempo, essas iniciativas, ancoradas em compromissos assumidos com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, alinham-se aos objetivos da política energética nacional, de promover a modernização do mercado com mais concorrência e pluralidade.”

Ambos não dedicaram os seus discursos para tratar de iniciativas de redução dos preços dos combustíveis.

Enquanto uma série de pesquisadores aponta para a necessidade de dar fim à política adotada por Michel Temer (MDB) de alinhamento dos preços internos do petróleo aos internacionais, Coelho elogiou “o novo modelo de gestão que a Petrobras experimentou a partir de 2017 e com continuidade a partir de 2019”.

Ex-secretário do Ministério de Minas e Energia, o executivo substitui o general Joaquim Silva e Luna na Presidência da Petrobras, após a desistência de Adriano Pires para o cargo. O Conselho de Administração havia aprovado a sua nomeação horas antes da posse.