Política

Lula critica alta de preços: ‘Não venha jogar a culpa na guerra e na pandemia’

O ex-presidente declarou que o aumento nos preços dos combustíveis e dos alimentos é culpa do governo; Bolsonaro e Guedes mencionaram a guerra e a pandemia horas antes

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Fotos: Ricardo Stuckert e Evaristo Sá/AFP
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou os impactos da guerra na Ucrânia e da pandemia na economia e criticou o governo de Jair Bolsonaro (PL) pela alta de preços em itens como os combustíveis, o gás de cozinha e os alimentos.

Em entrevista à Rádio Espinharas, da Paraíba, nesta terça-feira 15, Lula disparou contra a política de preços da Petrobras, que acompanha as variações do mercado internacional. A estratégia foi adotada pelo governo de Michel Temer (MDB) e mantida sob Bolsonaro.

Lula disse ainda que Bolsonaro deveria ter ampliado os investimentos na estrutura da Petrobras, como em refinarias, para que a produção interna pudesse levar o Brasil a dispensar a importação de combustíveis em dólar.

O petista também afirmou que o governo deveria ter se articulado com o Conselho Nacional de Política Energética, ligado ao Ministério de Minas e Energia, para estabelecer estratégias de contenção dos preços dos combustíveis.

“É uma vergonha o Brasil estar passando pelo que está passando. Não venha jogar a culpa em cima da guerra da Ucrânia. Não venha jogar a culpa em cima da pandemia. Na verdade, a culpa está na cabeça daqueles que governam este País, que não têm nenhuma preocupação em desenvolver o Brasil”, declarou.

O ex-presidente também rebateu as comemorações do governo sobre a alta nos lucros da Petrobras porque os ganhos não beneficiariam a população. A estatal registrou lucro de 106 bilhões de reais em 2021, um aumento de 1.400%.

“Esse dinheiro deveria ser para aplicar em novas refinarias, em novas pesquisas, para que a Petrobras continuasse crescendo. Entretanto, foi feita uma repartição para os acionistas, e o povo ficou chupando o dedo. Ou seja, é o povo pobre pagando o luxo do povo rico”, afirmou.

Lula mencionou a crise econômica mundial vivida durante o seu segundo mandato, entre 2007 e 2008, quando o banco Lehman Brothers decretou falência e gerou um colapso considerado o pior desde a Grande Depressão.

“Quando veio a crise de 2008, muita gente dizia ‘acabou o mundo’. Eu dizia: essa crise aqui no Brasil vai ser só uma marolinha. Nós vamos dar um pontapé logo. E não passou de uma marolinha. Nós tivemos a crise em 2009, e logo em 2010 a economia voltou a crescer 7,5% e a gerar muitos empregos, e elegemos a companheira Dilma. Este País pode ser reconstruído”, afirmou.

Lula fez ainda críticas à regra do teto de gastos, criada no governo Temer. O petista chamou o congelamento de gastos públicos de “incompetência” por  limitar verbas que serviriam para o “benefício do povo”.

Horas antes da entrevista, Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, haviam destacado uma agenda de realizações do governo na economia, durante solenidade no Palácio do Planalto.

Guedes disse que pandemia e a guerra na Ucrânia representaram impedimentos para a adoção de “reformas estruturantes” e geraram “tremendos custos”, mas citou o lucro de empresas estatais e a queda no desemprego para 11% como supostos sinais de recuperação.

“O Brasil é duro na queda, está mais arrumado do que o pessoal lá fora”, afirmou o ministro bolsonarista.

Bolsonaro, por sua vez, demonstrou irritação com a Petrobras pelo aumento nos preços dos combustíveis, que chocou consumidores na semana passada. Segundo ele, se a estatal tivesse esperado um dia, a alta nos preços seria menor, porque na mesma data o governo havia sancionado mudanças na cobrança de impostos sobre os itens.

O ex-capitão tem dado sinais de que pode demitir o presidente da Petrobras, o general Silva e Luna, por causa dos anúncios sobre os preços. Em discurso, afirmou esperar que a empresa reduza os valores, seguindo a queda nos preços do barril do petróleo no exterior.

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