Política

PEC Eleitoral pode levar Bolsonaro ao segundo turno, mas não impede vitória de Lula, avaliam deputados

Oposição busca alternativas para travar a tramitação do texto que cria benefícios sociais em ano eleitoral

PEC Eleitoral pode levar Bolsonaro ao segundo turno, mas não impede vitória de Lula, avaliam deputados
PEC Eleitoral pode levar Bolsonaro ao segundo turno, mas não impede vitória de Lula, avaliam deputados
Fotos: Ricardo Stuckert e Evaristo Sá/AFP
Apoie Siga-nos no

Deputados de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) reconhecem que a PEC Eleitoral, que cria benefícios sociais, será aprovada na Câmara por ampla maioria. Esses parlamentares, no entanto, não acreditam que o projeto irá reverter a derrota do ex-capitão para o ex-presidente Lula (PT) na eleição deste ano.

Aprovada no Senado na semana passada, a PEC prevê 41,25 bilhões de reais até o fim do ano para a expansão do Auxílio Brasil e do vale-gás, criação de auxílios aos caminhoneiros e taxistas, financiamento da gratuidade de transporte coletivo para idosos, compensação a estados que concederem créditos tributários para o etanol e reforço do programa Alimenta Brasil.

De acordo com o texto, o valor não entrará na restrição do teto de gastos, da regra de ouro ou de dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal que exigem compensação por aumento de despesa e renúncia de receita. Por isso, o relator do projeto na Câmara, Danilo Forte (União Brasil-CE), desistiu de retirar o reconhecimento do estado de emergência, que serve para que os pagamentos não violem a legislação eleitoral.

Deputados da base do governo tentam colocar a pauta em votação ainda nesta semana, mas a oposição busca alternativas para travar a tramitação da PEC. Nesta quarta-feira 6, o líder do PT, Reginaldo Lopes, começou a colher assinaturas de colegas para suspender por até 20 dias o processo de aprovação.

Apesar da resistência, os partidos da oposição já dão a vitória do governo como certa no tema. “Eles têm a maioria e, com certeza, vão aprovar. É a cartada de Bolsonaro para chegar ao segundo turno”, afirmou o deputado Rogério Correia (PT-MG).

A medida é vista como uma das últimas chances de Bolsonaro melhorar sua popularidade junto à opinião pública. Pesquisa Genial/Quaest coloca o petista com uma vantagem de 14 pontos percentuais sobre o atual presidente.  Já levantamento do instituto Datafolha, divulgado no mês passado, coloca Lula com chances reais de vencer ainda no primeiro turno.

“A PEC terá impacto eleitoral, mas não o suficiente pra virar a eleição que hoje é muito pró-Lula”, avaliou Marcelo Ramos (PSD-AM), que foi vice-presidente da Câmara já na gestão de Arthur Lira (PP-PI).

Além da oposição, a PEC Eleitoral está na mira do Tribunal de Contas da União, que investiga se decretação de um estado de emergência é um “subterfúgio” para o governo turbinar programas sociais e se “esquivar das amarras da lei eleitoral”.

Na decisão que abre o procedimento de apuração, o TCU afirma que tem como objetivo verificar se a PEC comprometeria o equilíbrio das contas públicas. No documento, o órgão diz que a medida por trazer um “retrocesso para o País”.

A oposição diz que o texto é “inconstitucional e fere a legislação eleitoral” e espera que, caso vote contrariamente, Bolsonaro use a posição para atacar o PT na campanha eleitoral.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo