Política

Partido de Lira ameaça planos de Lula no Congresso, mesmo após ganhar cargos no governo

Parlamentares do PP continuam insatisfeitos com as concessões e pressionam Lula pela liberação de emendas; contenda também envolve o PSD

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (d) e o presidente da Camara dos Deputados, Arthur Lira (e) participam da Cerimônia de posse do novo Ministro do Turismo, Celso Sabino nesta quinta feira, no Palácio do Planalto. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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Mesmo após abocanhar cargos no primeiro escalão do governo Lula, parlamentares do PP – partido de Arthur Lira – ameaçam impor revezes às pautas do governo no Congresso caso não tenham suas demandas integralmente atendidas.

Este é mais um capítulo da saga do Centrão por mais espaço na máquina federal. Agora, o novo foco de incômodo com o governo envolve a demora na liberação de recursos. O início de um novo ano eleitoral aumenta as cobrança dos parlamentares pelo envio de verbas aos seus redutos, com o objetivo de catapultar pré-candidaturas de aliados.

Também há reclames, apurou CartaCapital, com a partilha de cargos na Caixa Econômica Federal. No início deste mês, Lula demitiu Rita Serrano e indicou para a presidência do banco Carlos Antônio Vieira, aliado de Lira. Sob reserva, deputados ouvidos pela reportagem estão irritados porque, na prática, a mudança atendeu apenas ao parlamentar alagoano.

Havia a expectativa de que as 12 vice-presidências da Caixa fossem repartidas a entre PP e outros partidos do Centrão, a exemplo do União Brasil e Republicanos, e até mesmo a parlamentares do PL que têm votado a favor do governo.

O principal impasse à entrega dos cargos é a resistência do governo em ceder o comando de Habitação da Caixa, responsável pelo programa Minha Casa, Minha Vida – a função é exercida hoje por Inês Magalhães, indicada pelo PT. A reportagem apurou que a ex-ministra de Dilma deve ficar à frente da vice-presidência, em função de um acordo dos petistas com Lira.

As trocas no banco foram negociadas junto com a reforma ministerial que alçou André Fufuca (PP) ao comando do Ministério do Esporte. A reestruturação visava azeitar a relação do Planalto com a bancada pepista e angariar votos da sigla em pautas importantes. No entanto, as mudanças não parecem ter surtido o efeito desejado.

Apesar da indicação de Fufuca, a legenda tinha a ambição de controlar pastas com maior orçamento, como o da Saúde ou da Integração Social. O argumento utilizado por caciques do PP é que os recursos da pasta não conseguem suprir as necessidades dos parlamentares da base e, quando liberadas, demoram a chegar na ponta.

Para isso, líderes da sigla discutem incrementar o orçamento do ministério através de emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024. O relatório da LDO está em fase final de construção pelo deputado Danilo Forte (União-CE) e também é visto como uma oportunidade por outros partidos.

Como mostrou CartaCapital, a insatisfação com o Palácio do Planalto também atinge a bancada do PSD e parlamentares voltaram a ameaçar ministros do governo com a possibilidade de debandada da base, em uma espécie de represália. As demandas se assemelham às apresentadas pelo PP: recursos e espaços na Funasa, órgão que deve ser recriado para abrigar políticos do Centrão.

Líderes governistas têm manifestado receio de que a “rebelião no Congresso” possa esbarrar em propostas vitais para o governo, como a Reforma Tributária e a proposta de subvenção do ICMS – tudo isso a menos de seis semanas para o encerramento do ano legislativo. Uma reunião de líderes na residência oficial da Câmara, nesta terça-feira, irá definir o calendário de votações das propostas.

Questionados pela reportagem, argumentam ainda que, ao contrário do que afirmam os parlamentares, a demora na liberação de emendas decorre de um processo natural dos ministérios. O apoio do PP tem sido visto como de extrema importância pelo governo, não só pela presidência da Câmara, mas pelos votos de seus 51 deputados federais.

(com reportagem de Marina Verenicz)

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