Política

Para pesquisador do Exame/Ideia, será eleito o candidato com menor rejeição

Segundo os resultados da pesquisa divulgada nesta quinta, Bolsonaro é o mais rejeitado, Lula vem logo em seguida e Ciro está bem distante neste quesito

Toalhas evidenciam disputa eleitoral e pela popularidade de cada candidato. Foto: Reprodução
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A eleição presidencial de outubro deste ano será vencida pelo candidato que tiver a menor rejeição, ao menos na avaliação de Maurício Moura, fundador do instituto Ideia e pesquisador responsável pelo levantamento da revista Exame, que teve nova rodada divulgada nesta quinta-feira 25.

Neste quesito, pelos dados da pesquisa do instituto comandado por Moura, Jair Bolsonaro (PL) está em desvantagem. O atual presidente tem, além do maior volume de rejeição, índices consideráveis de avaliação negativa ao seu trabalho e reprovação dos eleitores ao seu governo. O ex-capitão também não merece um segundo mandato, de acordo com a maioria dos entrevistados no levantamento.

“Temos perguntado de maneira recorrente se Bolsonaro merece ou não ser reeleito. O número dos que dizem que ele não merece está caindo a cada pesquisa, mas ainda está em um patamar alto, de 50%”, destaca Moura. “Nos históricos de outros pleitos, incluindo de países vizinhos, isso o coloca em uma situação delicada de reeleição”.

Em números, Bolsonaro soma 45% de indicações no item ‘não votaria de jeito nenhum’ e lidera a lista de rejeição. Ao mesmo tempo, seu governo é avaliado negativamente por 46% dos entrevistados, que dizem que a atual gestão pode ser considerada ‘ruim ou péssima’. Em desfavor do ex-capitão, pesam ainda 43% de eleitores que reprovam seu trabalho individual à frente do Planalto.

“O saldo da avaliação do governo de Bolsonaro ainda é deficitário. E esse resultado tem impacto, obviamente, no potencial eleitoral dele”, reforça o pesquisador. “O teto de rejeição é maior do que o do ex-presidente Lula. Dessa maneira, continuo acreditando que vai ganhar quem tiver uma rejeição menor”.

Para comparação, Lula, que lidera a pesquisa de intenções de voto, tem 42% de rejeição no mesmo levantamento. Ciro Gomes, por sua vez, tem apenas 19%. Vale ressaltar que os eleitores podem indicar mais de um candidato ao serem questionados em quem ‘não votariam de jeito nenhum’. O dado, segundo o pesquisador, evidencia a polarização e ajuda a explicar ‘a resiliência’ de parte do eleitorado que rejeita os dois principais candidatos, fato que deverá levar o pleito ao segundo turno.

“Olhando a dinâmica dos votos de Ciro Gomes e de Simone Tebet, que ocupam a terceira e a quarta posição, aumenta muito a probabilidade de haver um segundo turno”, explica. “Os dois têm demonstrado pouco crescimento ao longo do histórico e um grau de resiliência suficiente para que os votos deles definam a ocorrência de um segundo turno”.

O cenário poderá mudar?

Ainda na avaliação de Moura, divulgada junto ao boletim da pesquisa Exame, há um ‘pequeno espaço’ para que Bolsonaro mude este patamar, mas a tarefa não deve ser simples.

“Temos claramente uma eleição em que a definição do voto está acontecendo cada vez mais cedo. Quando comparamos com anos anteriores, um dado muito importante é o que mostra 83% dos eleitores dizendo já terem o voto definido”, afirma. “Isso é 30 pontos a mais do que tínhamos no mesmo período de 2018. Ou seja, há pouco espaço de convencimento de eleitores que podem mudar de voto”.

Para reforçar seu ponto, o pesquisador cita, por exemplo, o pouco efeito eleitoral do aumento do Auxílio Brasil e da redução no preço dos combustíveis. Em ambos os casos, segundo Moura, Bolsonaro acabou por encontrar eleitores com votos já decididos.

“O Auxílio Brasil em um valor maior não mudou os números de intenção de voto de Jair Bolsonaro. O auxílio, principalmente na classe C do Sudeste, onde ele precisa recuperar esses votos de 2018 que perdeu, não surtiu efeito”, acrescenta. “A questão da queda do valor dos combustíveis foi muito mais para o grupo em que o presidente já tinha boa avaliação e, portanto, boa intenção de voto. Então foi algo meio endógeno”.

Para ele, o ‘pouco espaço’ para crescimento estaria concentrado entre os eleitores antipetistas e arrependidos do voto em Bolsonaro em 2018, que poderiam ser recuperados pelo ex-capitão. Há ainda uma pequena janela entre os jovens de 16 a 24 anos, que concentram o maior volume de indecisos.

“Entre os que poderiam mudar de voto, um dos grupos mais relevantes é o de jovens, de 16 a 24 anos. Talvez eles tenham um grau de desencanto maior com as alternativas que estão na corrida eleitoral”, avalia. “É um grupo que vai ser fundamental nesta reta final. Além disso, existe a classe C, de pessoas que ganham entre três e seis salários-mínimos e que votaram no Bolsonaro. Atualmente, essa parcela não vota mais nele no mesmo grau de intensidade”.

A análise de Moura se baseia nos dados da pesquisa Exame/Ideia divulgada nesta quinta. O levantamento traz Lula na liderança com 44% das intenções de voto e Bolsonaro com 36%. Ciro, por sua vez, soma 9%. Para chegar aos números, a pesquisa contou com 1.500 entrevistas por telefone entre os dias 19 e 24 de agosto.

Os dados eleitorais, de avaliação do governo e de rejeição aos candidatos tem margem de erro de 3 pontos percentuais e nível de confiança de 95%. O registro do levantamento no Tribunal Superior Eleitoral é o BR-02405/2022.

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