Economia
Os picaretas
A investigação do ex-ministro da educação expõe Bolsonaro, dá fôlego à CPI e mata o seu apelo ao discurso anticorrupção
O governo acaba de propor ao Senado subir de 400 para 600 reais o Auxílio Brasil, criar uma “bolsa caminhoneiro” de mil reais e dobrar o valor do vale-gás. (Nota da redação: O Senado aprovou a PEC do estado de emergência, que prevê 41 bi para ‘bondades’ em ano eleitoral). A justificativa é de que a situação nacional está tão ruim que exige soluções emergenciais. Estranho. No início de junho, o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, dizia que quem ganha 400 reais não passa fome, enquanto a equipe econômica festejava como “robusto” o crescimento do PIB de 1% no primeiro trimestre. Se emergência há, é a de empurrar Jair Bolsonaro nas pesquisas. Entre abril e maio, governistas como Arthur Lira, o comandante da Câmara, sopravam à mídia e ao “mercado” que de maio para junho o presidente passaria Lula. A três meses da eleição, o Datafolha aponta vitória do petista no primeiro turno, com larga vantagem sobre o capitão, 53% a 32% dos votos válidos.
Os ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas e sua aparente disposição de não aceitar uma derrota são vistos pela população como choro de perdedor, constatação, comenta-se em Brasília, de pesquisas de seu próprio QG eleitoral. Mas ele não dá bola. Nos últimos dias, disse a um reacionário âncora da tevê americana, Tucker Carlson, da ultraconservadora Fox News, que, se “a esquerda voltar ao poder” no Brasil, “nunca mais deixará o poder”. Pareceu uma tentativa de conquistar o apoio de Tio Sam ao golpe à Donald Trump tramado aqui. O levante trumpista, aliás, tem sido dissecado pelo Congresso americano. Em 9 de junho, Bolsonaro havia estado com o presidente dos EUA, Joe Biden, e falado do risco que Lula representaria aos interesses ianques, conforme disse a Carlson o assessor internacional do brasileiro, Filipe Martins.
O ENTÃO MINISTRO CHEGOU A VENDER UM CARRO USADO PARA A FILHA DO PASTOR-LOBISTA ARILTON MOURA
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