Política

O incômodo do MST com a indefinição de Lula sobre o comando do Incra

A insatisfação do movimento ainda está relacionada à lentidão do governo para exonerar os indicados de Bolsonaro a superintendências do órgão

Monumento criado por Oscar Niemeyer em homenagem a Antonio Tavares e vítimas do latifúndio. Foto: Wellington Lenon MST-PR
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A indefinição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a direção do Instituto de Colonização e Reforma Agrária virou alvo de críticas entre organizações ligadas à luta do campo, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.

Coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues escreveu em uma rede social nesta quinta-feira 23 que a entidade está “começando a ligar a luz amarela”, lembrando que a autarquia é “importante para o povo do campo”.

“Começando a acender a luz amarela. Até agora o governo federal não nomeou a direção do Incra, que tem a responsabilidade de cuidar de todas as áreas de implantação do programa de reforma agrária. Nem precisamos lembrar a importância deste órgão para o povo do campo”, escreveu Rodrigues.

Parlamentares ligados aos movimentos sociais também relataram à reportagem certa insatisfação com a demora. É o caso do deputado federal Airton Falero (PT-PA), que considera o órgão importante para acelerar a regularização fundiária no País.

“O que está nos deixando nervosos é a demora para a escolha e a nomeação. Por quê? Porque há uma expectativa grande de que, com a mudança de governo, teremos a aceleração nos processos de regularização fundiária, retomada dos assentamentos e produção de alimentos pra ajudar a combater a fome”, declarou a CartaCapital.

“Agora não nos resta outro caminho senão a cobrança na nomeação. Porque realmente temos pressa. Em alguns lugares, ainda temos bolsonaristas ou não tem ninguém. Enquanto não se nomeia ninguém, nada anda”, pontuou.

A principal insatisfação do MST está relacionada à dificuldade do governo para exonerar os indicados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) às superintendências regionais do Incra. Em Alagoas, por exemplo, o superintendente do órgão é o bolsonarista Cesar Lira, primo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).

Como antecipou CartaCapital, o presidente Lula bateu o martelo pela indicação de Rose Rodrigues, ex-secretária de Agricultura em Sergipe e militante do MST, para a presidência do órgão. Em conversa com sindicalistas, durante visita a Maruim, o petista atribuiu a demora na nomeação à Casa Civil, chefiada pelo ministro Rui Costa (PT).

Ambos chegaram a se reunir durante um almoço na residência do ex-deputado Luiz Mitidieri (PSD), na capital sergipana, para discutir os desafios e a atuação do Incra sob Lula.

A expectativa do MST era de que Rose fosse nomeada nos próximos dias. Nesta quinta, porém, integrantes do PT relataram uma possível mudança na escolha do presidente, o que gerou uma frustação nos movimentos sociais.

Em nota conjunta, mais de 30 entidades, entre elas a Central Única dos Trabalhadores e o Movimento Negro Unificado, manifestaram apoio à indicação da sergipana.

“A companheira reúne todas as competências e habilidades políticas e técnicas para contribuir com o Governo do Presidente Lula em realizar uma reforma agrária e desenvolvimento rural de forma democrática e justa”, escreveram.

O Incra, hoje vinculado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, é alvo de disputa entre alas do PT de diferentes regiões do País.

Chefiado interinamente pelo engenheiro Cesar Fernando Schiavon Aldrighi, o órgão tem o objetivo de criar assentamentos rurais para o repasse de terras a trabalhadores em situação de vulnerabilidade.

Sob Bolsonaro, a autarquia foi entregue a lideranças da bancada ruralista e passou por um processo de desmonte, com a paralisação da política de reforma agrária e a suspensão de aquisição e desapropriação de terras.

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