O fantasma do golpe

Bolsonaro e seus generais não escondem o propósito de questionar o resultado das urnas. Quem se oporá?

O indulto a Daniel Silveira, um tapa na cara do Supremo, insuflou a base do ex-capitão, entusiasmada com a pregação contra o “sistema” - Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

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Jair Bolsonaro foi a Maringá na quarta-feira 11 visitar uma feira agropecuária. Desceu no aeroporto local, fez uma “motociata” até a Expoingá e, lá, minimizou a inflação que castiga os brasileiros. Em abril, o índice foi o pior para o mês desde 1996. De um ano para cá, subiu 12%. A inflação é usada pelo atual governo como único parâmetro para corrigir o salário mínimo, e nem isso tem garantido o poder de compra. O capitão será o primeiro presidente desde Fernando Henrique Cardoso a terminar o mandato com o mínimo a valer menos do que na posse, em termos reais. “Apesar da inflação estar alta no Brasil, bem como a questão dos combustíveis, na nossa terra os efeitos são menores”, discursou, em menção ao fenômeno mundial.

Se minimizou as condições de vida, Bolsonaro mostrou-se obcecado pela disputa de outubro: “Nós queremos eleições transparentes, como a grande maioria, ou diria a totalidade, do povo”. E emendou: “Pior que uma ameaça externa, é uma ameaça interna de ‘comunização’ do nosso País”.

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1 comentário

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 19 de maio de 2022 21h15
Um ex capitão expulso pelo Exército comandando e cercado por generais com tendências antidemocráticas, mas com um judiciário um tanto tíbio e pusilânime diante das ameaças veladas e simultaneamente escancaradas ao sistema eleitoral brasileiro. Por ironia da história e do destino, parece mesmo que a democracia brasileira estão nos planos dos homens da Casa Branca que enxergam em Bolsonaro e militares brasileiros um perigo não somente para o Brasil, mas também para o mundo com seus tiques golpistas. Felizmente Donald Trump foi derrotado na América e os democratas perceberam que é melhor ter um parceiro no cone sul vivendo num regime democrático e senhor do seu destino do que numa instabilidade política e econômica a desencadear um outro abalo sísmico de proporções inusitadas.

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