Política

O cenário mais provável para a ‘reforma’ ministerial de Lula em 2024

Ampliar a presença feminina, com trocas restritas a nomes da cota pessoal de Lula e do PT, desponta como a principal alternativa

O presidente Lula e o então ministro da Justiça, Flávio Dino. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O presidente Lula vai reunir todos os seus ministros nesta quarta-feira 20. Será a última assembleia do gênero neste ano, uma ocasião para o governo como um todo prestar contas ao País e para cada ministro dar satisfações ao chefe. 

É possível que Lula troque algumas peças no início de 2024, mas quem? Há pistas de que o presidente planeja mudanças pontuais, não uma grande reforma. 

O time atual quase não tem interessados a concorrer a prefeito no ano que vem – uma candidatura exigiria deixar o cargo até abril. O secretário-geral da Presidência, Marcio Macedo, talvez seja o único caso. Deputado pelo PT de Sergipe, ele é cotado para disputar a capital do estado, Aracaju.

O comportamento dos partidos aliados ocupantes de Ministérios não parece aborrecer (ainda) Lula, a julgar pela avaliação dos líderes do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), e no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), sobre o que foi o ano parlamentar em 2023. A dupla diz que o governo aprovou no Congresso tudo aquilo de que precisava.

O critério “desempenho” seria uma variável? No ano que vem, diz uma autoridade do Palácio do Planalto, o presidente vai se dedicar mais à gerência de governo. Não dá, prossegue a fonte, para haver guerra entre ministros via mídia. Fernando Haddad, da Fazenda, e Rui Costa, da Casa Civil, protagonizaram embates. Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Jean Paul Prates, comandante da Petrobras (que é mais poderosa que muitos ministérios), também.

Ainda no quesito “performance”, foi possível ouvir no Planalto, ao longo do ano, críticas ao trabalho de alguns ministros. Foi o caso de Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, e de Nísia Trindade, da Saúde. Lula gosta pessoalmente deles, no entanto. 

Ampliar a paridade de gênero, com mais mulheres à frente dos Ministérios, é um critério com chance de influenciar Lula a mexer na equipe. O presidente começou o ano com 11 ministras, do total de 37 ministros. Agora, são nove. E  não foi só isso. A Caixa Econômica Federal era chefiada por uma mulher, agora não é mais. Para o lugar de Rosa Weber no STF, Lula indicou um homem, Flavio Dino, ainda no controle da pasta da Justiça.

O fator gênero, comenta uma autoridade palaciana, não pode ser ignorado. O voto feminino foi vital para a eleição de Lula contra Jair Bolsonaro. Também joga para cima a popularidade do governo. Uma pesquisa Ipec, o ex-Ibope, dos últimos dias, mostrou que a avaliação positiva do governo é de 40% entre as mulheres e de 35%, entre os nos homens. Aprovam o modo de Lula governar 53% delas e 49% deles.

A saída de Dino da Justiça era uma oportunidade para Lula prestigiar uma mulher. O presidente chegou a convidar para Gleisi Hoffmann para o posto, mas ela preferiu seguir onde está: a chefia do PT. Foi o que deu a entender Jaques Wagner em um café com jornalistas na segunda-feira 18, do qual CartaCapital participou. 

Wagner disse ter a impressão de que Lula não fará uma “reforma” ministerial, ou seja, uma mudança ampla. Talvez uma avaliação mais cirúrgica do que funcionou ou não. 

Resta saber se o critério ética pesará no tabuleiro. O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, foi alvo de tiroteio midiático em 2023, em razão de algumas peripécias. A última delas? Usou fotos oficiais do Ministério para sua promoção pessoal e para promover a irmã, que é prefeita no Maranhão.

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