Política

‘Não há possibilidade de diálogo com o Ciro Gomes’, diz Moro

O ex-juiz e ex-ministro ainda repetiu Bolsonaro, seu antigo chefe, ao fazer críticas ao Supremo: ‘magistrado que anulou essas condenações não pode sair na rua’

Ciro Gomes e Sergio Moro são os principais candidatos à 3ª via. FOTO: MÁRIO MIRANDA/AMCHAM/DIVULGAÇÃO e LULA MARQUES
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O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) afirmou nesta sexta-feira 14 em entrevista à revista Veja que não há qualquer possibilidade de ‘diálogo’ com Ciro Gomes (PDT) em 2022. Para ele, os projetos diferentes impedem qualquer tipo de aproximação com o pedetista. Moro tem sido convocado por Ciro para um debate, mas ainda não aceitou o encontro. Na conversa com a revista, o ex-ministro ainda repetiu declarações de Jair Bolsonaro (PL) para fazer críticas a Lula (PT) e ao Supremo Tribunal Federal.

“É preciso dialogar com as pessoas para ver que tipo de aliança podemos construir. Não dá para fazer uma aliança quando os projetos são diferentes. Não há possibilidade de diálogo com o Ciro Gomes, por exemplo”, respondeu ao ser questionado sobre possíveis alianças com candidatos da chamada terceira via.

Questionado ainda sobre em quem votará em um eventual 2º turno entre Lula e Bolsonaro, Moro disse que não acredita nesta possibilidade, que chamou de ‘escolha trágica’. Apesar disso, as pesquisas indicam que os dois são os nomes com maiores chances de travarem a disputa. Na primeira pesquisa de 2022, lançada nesta quarta-feira 12 pela Quaest, Lula tem 45% das intenções de voto, Bolsonaro 23% e Moro tem apenas 9%.

Ainda na conversa, Moro deu declarações que mostram que sua candidatura não está tão distante de Bolsonaro como quer fazer parecer. Ao se referir ao STF, o ex-juiz repetiu declarações bem semelhantes às do antigo chefe em Brasília.

“O Supremo, com essas decisões, reacendeu a crença de que não se pode confiar na Justiça para punir poderosos. As pessoas sabem quem está do lado certo dessa história, quem combateu a corrupção, quem cometeu corrupção e quem favoreceu a corrupção”, disse.

“Prova disso é que eu posso sair às ruas com tranquilidade, mas tem corrupto com condenação anulada e magistrado que anulou essas condenações que não podem fazer isso nem aqui nem no exterior”, acrescentou em seguida praticamente repetindo o que diz Bolsonaro nos cercadinhos.

Moro ainda negou que tenha enriquecido com sua atuação na consultoria que atende empresas condenadas pela Operação Lava Jato e criticou o TCU por levantar suspeitas sobre a sua atuação. Ainda assim, o ex-juiz se negou a revelar quanto recebeu pelos trabalhos prestados ao escritório Alvarez & Marsal, alegando que o tribunal não teria competência para investigá-lo.

“Não revelo o valor do contrato por ser uma relação privada. O tribunal tem uma atuação indevida e ilegal nesse caso e vai quebrar a cara porque não tem nada de errado na minha relação privada com a consultoria que me empregou”, diz o ex-juiz após criticar as anulações das suas condenações, que também entenderam que os casos julgados por Moro não estariam sob sua jurisdição.

Moro ainda fez ataques aos advogados do grupo Prerrogativas e minimizou o conteúdo das conversas inescrupulosas reveladas pela Vaza Jato, série de reportagens veiculadas pelo Intercept e outros veículos que mostraram como o ex-juiz conspirou com o procurador Deltan Dallagnol, atual colega de partido, para perseguir e condenar adversários.

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