Política

Não existe possibilidade do Lula apoiar Marília Arraes em PE, diz pré-candidato do PSB ao governo

De acordo com Danilo Cabral, o acordo fechado entre PSB e PT requer um palanque único para o ex-presidente no estado

Fotos: MARINA RAMOS/AGÊNCIA CÂMARA - Twitter/Marília Arraes/Reprodução
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O pré-candidato do PSB ao governo de Pernambuco, o deputado federal Danilo Cabral, afirmou nesta quinta-feira 24 que não há possibilidade do ex-presidente Lula apoiar Marília Arraes na disputa pelo cargo. De acordo com o parlamentar, o acordo fechado entre PSB e PT requer um palanque único para o presidenciável no estado.

“Não existe essa possibilidade. O único palanque será o da Frente Popular”, declarou Cabral em entrevista a CartaCapital. “Temos um palanque único que é representado por nossa candidatura, que foi legitimada pelo PT e pelo conjunto de 12 partidos que nos apoiam. Não há dúvida quanto a isso”.

Marília anunciará amanhã os próximos passos da sua trajetória política. No último domingo 20, a deputada reuniu-se com Lula e confirmou que apoiará o ex-presidente na corrida pelo Planalto. Antes, no entanto, a parlamentar chegou a afirmar que o PT usou seu nome como ‘massa de manobra’ ao indicá-la para disputa pelo Senado.

“Não fui consultada e não autorizei que envolvessem o meu nome em qualquer negociação, menos ainda que tornassem público, como se fossem os senhores do meu destino, sobretudo após meses de desgaste político e público, feito por meio da imprensa, escondido sob o manto do off e notícias de bastidores”, escreveu a deputada em uma rede social.

A CartaCapital, Cabral confirmou que o PSB não demonstrou nenhuma contrariedade à indicação de Marília para concorrer a uma vaga no Senado. Segundo o pré-candidato, desde o início das negociações para a composição da chapa, a preferência de escolha era do PT.

“O PT decidiu concorrer à vaga ao Senado. No último domingo, com o nosso aval, foi apresentada a candidatura da Marília para que representasse o PT como candidata ao Senado. Essa reunião foi intermediada pela presidente Gleisi Hoffmann e nela chegou-se a decisão, de forma consensual no PT de Pernambuco, que Marília deveria ser candidata ao Senado”, revelou Cabral.

“A indicação foi validada nacionalmente e também pelo nosso partido, mas infelizmente a deputada decidiu seguir outro rumo. Cabe a nós preservarmos a nossa aliança”, acrescentou.

Na conversa, Cabral afirmou ainda que “todas as condições” foram dadas para que Marília fizesse parte da chapa encabeçada por ele. “Agora, cabe a ela explicar os motivos que a levaram não ser candidata pelo PT”.

Além da disputa em Pernambuco, o deputado comentou a filiação do ex-governador Geraldo Alckmin ao PSB, o favoritismo de Lula na eleição presidencial e a não participação do seu partido em uma federação partidária.

Confira outros trechos:

Federação partidária: 

Eu sou favorável à federação, porque é uma inovação do sistema político que fortalece o papel dos partidos. É importante, nesta eleição e na governança, ter uma estrutura partidária que reflita o pensamento e  que tenha legitimidade.

O País tem um leque enorme de partidos, muitos deles cartoriais. A federação permite que a gente faça a construção da unidade em torno de pensamentos convergentes. Não obrigatoriamente um alinhamento automático, pois cada um tem pensamentos diferentes. A federação dá nitidez política partidária aos conjuntos dos partidos.

É importante para quem for governar o País ter no Congresso Nacional uma base que seja sintonizada. No nosso campo político, temos partidos que têm alinhamento e convergências.

Eu ainda creio na formação da federação, temos um prazo até o final de abril. Esse debate foi atropelado pelos prazos limites das filiações, que vão até o dia 2 de abril. Talvez com as definições das filiações pode-se ter um entendimento.

Obstáculos para a união entre PT e PSB na federação:

Quando se entra nos detalhes surgem os obstáculos. Estrategicamente, todos têm a compreensão da importância de construir essa aproximação conceitual e programática. Mas o debate é travado nas questões estaduais. Nem sempre a aliança que idealizamos nacionalmente consegue se repetir nos estados e nos municípios.

O que trava também é a discussão de duas eleições em uma só. O debate da federação nós tratamos em torno das eleições de 2022 e, quando entra o que pode acontecer nas eleições municipais de 2024, aparecem alguns problemas. Aí está o ponto central.

Aliança nacional com o PT, mesmo sem federação

O objetivo é a construção de uma ampla frente, pois a eleição será um divisor de águas na história do País. Teremos uma tarefa de barrar esse conjunto de retrocessos. Temos um risco para a democracia. A frente ampla deixa de lado divergências para que a gente some em torno daquilo que nos une, a defesa da democracia.

Importância de Alckmin na aliança

A filiação de Alckmin é o símbolo maior da Frente Ampla. No processo eleitoral, a figura dele traz um equilíbrio à chapa, assim como José de Alencar fez em 2022. O Lula disputou cinco eleições e só foi eleito na quinta vez. Nas anteriores, ele sempre teve candidato a vice que pertencia ao mesmo campo político. Ele só rompeu aquele teto com a aliança.

Na governança, Alckmin vai ajudar na formação do governo e nas relações com o Congresso e com a sociedade. O Brasil precisa de uma estabilidade. O eleitor não quer uma nova aventura, como é o governo Bolsonaro. O povo brasileiro foi induzido ao erro com Bolsonaro e paga um preço caro. Agora, o povo quer alguém que tenha experiência administrativa e com capacidade de articulação política. As figuras de Alckmin e Lula representam essas duas variáveis.

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