Política

‘Não adianta falar que vai dar golpe porque o povo vai tirar ele de lá’, diz Lula sobre Bolsonaro

Críticas ao ex-capitão foram feitas em São Paulo no lançamento do livro ‘Querido, Lula’, com cartas enviadas a ele enquanto esteve na prisão

Lançamento do livro "Querido Lula - Cartas do Povo Brasileiro", em São Paulo. Foto: Ricardo Stuckert
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na noite desta terça-feira 31 que as ameaças recentes de golpe feitas por Jair Bolsonaro (PL) não devem ser concretizadas na prática porque o povo não apoia mais o ex-capitão. Segundo defendeu em discurso feito em São Paulo durante o lançamento do livro Querido Lula, com cartas enviadas a ele enquanto esteve na prisão, a baixa adesão ao discurso golpista será mostrada nos resultados das urnas.

“Não adianta o Bolsonaro dizer ‘Ah, eu vou dar o golpe’. ‘Ah, só Deus me tira daqui’. ‘Ah, eu não vou dar a faixa’. Como eu acredito que a voz do povo é a voz de Deus, a voz do povo vai tirar ele de lá’”, disse Lula no evento.

O ex-presidente afirmou ainda que não será derrotado por fake news divulgadas pelo ex-capitão e seus aliados durante a campanha eleitoral. Para ele, portanto, as mentiras que circulam no WhatsApp e no Telegram, uma das principais preocupações do Tribunal Superior Eleitoral neste pleito, terão poucos efeitos práticos no resultado final da eleição.

No evento, Lula ainda criticou Bolsonaro por não prestar solidariedade a vítimas de tragédias recentes, como a pandemia da Covid-19, a chacina causada por uma operação policial na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, e a morte de Genivaldo de Jesus em um espécie de câmara de gás montada em uma viatura da Polícia Rodoviária Federal, no Sergipe.

“Vocês viram o atual presidente chorar com alguma morte de gente pelo Covid, vocês viram o presidente chorar por alguma que pessoa que morreu nesses acidentes e nessas chacinas, muitas vezes causadas pela polícia?”, questionou Lula.

No início desta semana, Bolsonaro chamou Genivaldo de ‘marginal’, defendeu as ações da PRF e pediu tratamento ‘isonômico’ no caso. Durante a pandemia, não foram poucas as vezes que o ex-capitão minimizou as mortes causadas pela doença. Na mais conhecida, ele chegou a afirmar não ser coveiro para ficar comentando os números. Já sobre as chacinas, tem celebrado a atuação letal dos policiais, alegando que eles só matam bandidos. Ainda ‘na conta’ de Bolsonaro constam as afirmações sobre as fortes chuvas que assolaram diferentes estados desde o início do ano. Em uma ocasião, afirmou faltar ‘visão de futuro’ para quem constrói casas próximas aos rios.

“Estamos lutando contra gente muito ruim, lutando contra os matadores da Marielle, lutando contra os milicianos, lutando contra as pessoas que não têm medo de matar inocente, pessoas que não têm medo de fazer com o Genivaldo o que a Polícia Rodoviária Federal fez em Sergipe”, disse Lula.

‘O PSDB acabou’

O ex-presidente também ironizou a crise sofrida pelo PSDB, principal adversário em eleições anteriores, um dos articuladores do golpe contra Dilma Rousseff e entusiastas da sua prisão, que hoje lida com a desistência do seu pré-candidato, João Doria, na disputa presidencial e não lidera nenhuma sondagem para governos estaduais.

“Uma vez teve um senador do PFL que disse que era preciso acabar com ‘essa desgraça do PT’, o Jorge Bornhausen. O PFL acabou. Agora quem acabou foi o PSDB. E o PT continua forte, continua crescendo e é o partido que conseguiu compor a maior frente de esquerda já feita nesse país”, destacou Lula.

Pré-candidato ao Planalto, Lula aparece na liderança em todas as principais pesquisas eleitorais. Nas mais recentes, o petista reúne intenções de voto suficientes para vencer a disputa ainda no primeiro turno. Para ele, os resultados significam que a prisão injusta, feita em um contexto de uma operação parcial, apenas o deixou mais forte.

“Me prenderam achando que a gente ia ficar mais fraco. E a verdade é que vocês fizeram eu sair da cadeia muito mais forte do que quando entrei”, avaliou o ex-presidente após ouvir a leitura de parte das cartas recebidas enquanto esteve preso.

No evento, contou com a presença de artistas como Camila Pitanga, Denise Fraga e Cleo Pires. A ex-presidenta Dilma Rousseff e o pré-candidato ao governo de SP, Fernando Haddad, também compareceram e leram parte das produções de apoiadores de Lula.

 

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