Política

Na véspera do 2º turno, Silvinei pediu ‘policiamento direcionado’, indica relatório da PF

O ex-diretor da PRF foi preso em ação deflagrada para investigar atos de agentes públicos que interferiram no processo eleitoral de 2022

O ex-diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques (Foto: EBC)
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O relatório da Polícia Federal que embasou a ordem de prisão preventiva do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, cumprida nesta quarta-feira 9, traz diversas mensagens trocadas entre integrantes da PRF sobre as operações no dia do segundo turno da eleição de 2022.

Silvinei foi preso pela PF na Operação Constituição Cidadã, deflagrada para investigar atos de agentes públicos que interferiram no processo eleitoral. De acordo com as investigações, agentes da PRF promoveram bloqueios em estradas do Nordeste para dificultar o trânsito de eleitores em 30 de outubro.

Uma das mensagens obtidas pela PF foi enviada pelo servidor da PRF Adiel Pereira Alcântara a um subordinado chamado Paulo César Botti Alves Júnior. No texto, Adiel critica diretamente Silvinei, que teria dito “muita merda” em uma reunião e determinado “policiamento direcionado”.

Essa conversa ocorreu na noite de 29 de outubro – ou seja, um dia antes do segundo turno – após a reunião com a cúpula da PRF. Nas mensagens, Silvinei é chamado pela sigla DG (diretor-geral).

Conforme o relatório da PF, as investigações começaram com o depoimento de Clebson Ferreira de Paula Vieira, que entre maio de 2021 e fevereiro de 2023 foi analista de Inteligência da Coordenação-Geral de Inteligência do Ministério da Justiça.

Entre o primeiro e o segundo turnos, ele teria recebido uma solicitação para imprimir listas dos municípos que concentraram votação superior a 75% para Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Segundo Vieira, no entanto, a então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar, pediu a impressão “acerca de um candidato, qual seja o candidato Lula”. Ao notar, no dia 30, que as operações se concentravam no Nordeste, o depoente afirmou ter ficado “em alerta”.

Ele disse à PF ter percebido que a PRF agiu no dia do segundo turno com base em seus boletins e que “as ações da PRF seriam blitze em municípios ou próximas a municípios nos quais o então candidato Lula tivesse votação acima de 75%”.

Marilia, por sua vez, disse em depoimento ter apresentado a planilha ao então ministro da Justiça, Anderson Torres.

Ao analisar as oitivas, argumenta a PF, os pontos mais relevantes são coincidentes, especialmente no que se refere à produção dos “BI dos 75%” e quem a solicitou.

A Polícia Federal afirma ainda ter identificado imagens no celular de Marília Alencar que chamam a atenção, capturadas em 17 de outubro. Uma delas aparenta ser a foto de uma folha de papel com a impressão de uma tela na qual aparecia um painel intitulado CONCENTRAÇÃO MAIOR OU IGUAL A 75% – LULA.

Abaixo do título havia um mapa do Brasil e uma lista de municípios baseada, aparentemente, na ordem de concentração de votos no petista.

Outra imagem mostrava uma lista de municípios de Goiás. Ao lado direito havia uma coluna de votos, com o total de 3.812.597 na última linha.

Já a terceira fotografia apresentava uma lista de municípios de Minas Gerais. Na parte superior do painel aparecia uma caixa com a inscrição “409.170 votos nulo”. No lado direito havia duas colunas: uma de votos, outra com o título “Bolsonaro”. A coluna “votos” demonstrava um total de 12.655.228 e o total da coluna “Bolsonaro” apontava
5.239.264.

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