Política

Na promulgação da PEC Eleitoral, Bolsonaro usa tom de campanha

O ex-capitão tentou acenar a faixas da população nas quais apresenta desempenho ruim segundo pesquisas de intenção de voto

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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O presidente Jair Bolsonaro recorreu a um discurso de campanha na sessão do Congresso Nacional que promulgou a PEC Eleitoral, nesta quinta-feira 14. Ele tentou acenar a faixas da população nas quais apresenta desempenho ruim segundo pesquisas de intenção de voto e de avaliação do governo.

O texto estabelece um estado de emergência e libera do teto de gastos 41,25 bilhões de reais até o fim deste ano para a expansão do Auxílio Brasil e do vale-gás, a criação de auxílios a caminhoneiros e taxistas, o financiamento da gratuidade de transporte coletivo para idosos, a compensação a estados que concederem créditos tributários para o etanol e o reforço do programa Alimenta Brasil.

Ao mencionar o novo valor provisório do Auxílio Brasil, afirmou que as mulheres compõem o grupo mais numeroso entre os beneficiários. E emendou: “Nosso olhar todo especial para as mulheres do Brasil, pessoas, logicamente, importantíssimas. Nenhum homem pode sonhar em crescer na vida se não tiver ao teu lado uma magnífica e grandiosa mulher. Esse é o nosso Brasil, inclusive agora temos na Caixa Econômica Federal uma senhora presidindo aquela instituição. Uma pessoa fantástica que também está transformando a Caixa para elas”.

Ainda alegou que seu governo, “juntamente com o Parlamento brasileiro, teve olhar todo especial para esses mais vulneráveis”.

No pronunciamento, Bolsonaro repetiu críticas prefeitos e governadores que adotaram medidas restritivas para conter a Covid-19 nos momentos mais graves da pandemia.

Como de praxe, omitiu a responsabilidade de seu governo e voltou a culpar a pandemia e a guerra na Ucrânia por problemas econômicos, em especial a inflação.

O ex-capitão disse projetar “uma inflação bem menor no próximo ano, ousando dizer que pode haver inclusive deflação”.

Por fim, citou o Nordeste, onde acumula uma rejeição de 62% e tem 30 pontos percentuais de desvantagem para o ex-presidente Lula (PT) nas intenções de voto, segundo o Datafolha.

“A satisfação de visitar o nosso Nordeste é excelente, excepcional. Um carinho inigualável desse povo maravilhoso do nosso Nordeste. Com a chegada da água naquela região, prometida há tanto tempo, reconhecemos cada vez mais que somos realmente bem-vindos.”

A PEC Eleitoral foi aprovada pela Câmara em segundo turno na quarta-feira 13. Em junho, já havia passado pelo Senado. Ela cria benesses temporárias e serve como uma tentativa de dar sobrevida à campanha do ex-capitão à reeleição.

Deputados da oposição denunciaram em plenário o caráter eleitoreiro da proposta, mas votaram a favor do texto. No segundo turno, o placar foi de 469 votos pela aprovação e apenas 17 pela rejeição da PEC.

No PT, dono da maior bancada entre os partidos de oposição a Bolsonaro, só Frei Anastácio, da Paraíba, votou por rejeitar a PEC. Na quarta 13, o deputado afirmou a CartaCapital que a proposta é “eleitoreira” e classificou o texto como “uma vergonha que a gente não pode aceitar”.

Uma pesquisa Datafolha publicada no fim de junho aponta que 47% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo – em março, eram 48%. Já os que veem a gestão como boa ou ótima são 26% (eram 25%).

Na corrida à Presidência da República, o instituto indica a liderança de Lula (PT), com 47%, 19 pontos percentuais à frente de Bolsonaro no primeiro turno. Na projeção de segundo turno, o petista levaria a melhor sobre o ex-capitão por 23 pontos: 57% a 34%.

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