Política

Na Etiópia, Lula critica extrema-direita e fala em ‘dívida histórica’ com a África

Em discurso, o presidente também defendeu aliança global contra a fome e um Pacto Digital Global sobre o uso da inteligência artificial

O presidente Lula durante discurso na cúpula da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia — Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
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Em discurso na abertura da 37ª Cúpula da União Africana, neste sábado 17, o presidente Lula (PT) criticou a extrema-direita internacional e citou uma dívida histórica do Brasil com a África em razão dos 300 anos de escravidão no País.

A União Africana reúne 55 países do continente e, em 2023 com apoio do Brasil, passou a integrar de forma permanente o G20, grupo responsável por mais de 80% da economia global.

Lula destacou que é inegável a atuação de países africanos e da América Latina para solucionar os conflitos mundiais. 

“O Sul Global está se constituindo em parte incontornável da solução para as principais crises que afligem o planeta”, afirmou. 

“Crises que decorrem de um modelo concentrador de riquezas, e que atingem sobretudo os mais pobres – e entre estes, os imigrantes. A alternativa às mazelas da globalização neoliberal não virá da extrema direita racista e xenófoba. O desenvolvimento não pode ser privilégio de poucos“. 

Para isso, defendeu mais parcerias nas áreas de educação, saúde e ciência e tecnologia com o continente africano.

Durante seu discurso, Lula cobrou uma reorganização da governança global, visando dar mais espaço aos países da África e América Latina, e também defendeu uma aliança global contra a fome. 

“Vamos trabalhar juntos para capacitar a África na produção de alimentos e na adoção de energia limpa e renovável”, afirmou.

A preservação do meio ambiente e o uso da inteligência artificial no mundo também foi abordada pelo presidente. Ele afirmou que, na presidência do G20, o Brasil vai promover discussões sobre o Pacto Digital Global, na Organização das Nações Unidas. 

“Precisamos acompanhar passo a passo a evolução das novas tecnologias. A Inteligência Artificial não pode tornar-se monopólio de poucos países e empresas”, afirmou. “Mas podem também constituir-se em terreno fértil para discursos de ódio e desinformação, além de causar desemprego e reforçar vieses de raça e gênero”. 

Ele ainda disse que juntamente com os países africanos, pretende “desenvolver e construir uma família de satélites para monitorar o desmatamento” para que “com a recuperação de áreas degradadas, podemos criar um verdadeiro cinturão verde de proteção das florestas do Sul Global”. 

Agenda de Lula na Etiópia

Antes do discurso na cúpula, Lula esteve com o primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Shtayyeh em uma reunião de aproximadamente uma hora. Em seguida, tem um encontro agendado com o presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi.

Ainda neste sábado, Lula deve participar de um almoço em homenagem às autoridades presentes na Cúpula da União Africana, oferecido por Abiy Ahmed e pelo presidente da Comissão da União, Moussa Faki Mahamat.

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