Política

Na COP-27, Lula defende novo modelo de governança com maior participação de países pobres

O petista pleiteou ainda uma mudança no Segurança da ONU, permitindo que mais países tenham poder decisório

Créditos: AHMAD GHARABLI / AFP
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O discurso do o presidente eleito Lula (PT) durante a COP-27, em Israel foi marcado pela defesa de uma nova governança global, pautada no diálogo, no multilateralismo e na multipolaridade. O petista defendeu o modelo de cooperação como fundamental para enfrentar a fome, a desigualdade e os impactos da crise climática, que afetam mais gravemente os países pobres.

“Vivemos um momento de crises múltiplas – crescentes tensões geopolíticas, a volta do risco da guerra nuclear, crise de abastecimento de alimentos e energia, erosão da biodiversidade, aumento intolerável das desigualdades”, contextualizou, ao reforçar:

“Para isso, é preciso tornar disponíveis recursos para que os países em desenvolvimento, em especial os mais pobres, possam enfrentar as consequências de um problema criado em grande medida pelos países mais ricos, mas que atinge de maneira desproporcional os mais vulneráveis”.

O petista seguiu ancorando o desafio também em uma mudança no Segurança da ONU, permitindo que mais países tenham poder decisório sobre as políticas de enfrentamento às diversas crises, entre elas a climática global.

“Voltamos para propor uma nova governança global. O mundo de hoje não é o mesmo de 1945. É preciso incluir mais países no Conselho de Segurança da ONU e acabar com o privilégio do veto, hoje restrito a alguns poucos, para a efetiva promoção do equilíbrio e da paz”.

O presidente eleito elencou os diversos impactos que a crise climática global vêm causando ao redor do mundo, com potenciais destrutivos, e afirmou que o enfrentamento passa pela construção de ‘uma ordem mundial pacífica, assentada no diálogo, no multilateralismo e na multipolaridade”.

Lula refirmou compromissos já anunciados em seu governo, como o combate ao desmatamento na Amazônia e a criminalização de atividades ilegais como garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida.

“Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida. Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas até 2030, da mesma forma que mais de 130 países se comprometeram ao assinar a Declaração de Líderes de Glasgow sobre Florestas”, disse, ao anunciar: “Por esse motivo, quero aproveitar esta Conferência para anunciar que o combate à mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do meu governo”.

O petista completou que a agenda climática será cumprida com o apoio internacional, sem que o País abra mão de sua soberania, e defendeu ações como investir em energia eólica, solar, hidrogênio verde e bicombustíveis; gerar empregos em indústrias menos poluentes na cadeia industrial da reciclagem. Na área agrícola defendeu que a meta é ‘perseguir é a da produção com equilíbrio, sequestrando carbono, protegendo a nossa imensa biodiversidade, buscando a regeneração do solo em todos os nossos biomas, e o aumento de renda para os agricultores e pecuaristas’.

Ao citar o agronegócio, Lula disse ser possível transformá-lo em um parceiro estratégico de desenvolvimento. “Estou certo de que o agronegócio brasileiro será um aliado estratégico do nosso governo na busca por uma agricultura regenerativa e sustentável, com investimento em ciência, tecnologia e educação no campo, valorizando os conhecimentos dos povos originários e comunidades locais. No Brasil há vários exemplos exitosos de agroflorestas”, disse, ao defender uma aliança mundial pela segurança alimentar.

“Este é um desafio que se impõe a nós brasileiros e aos demais países produtores de alimentos. Por isso estamos propondo uma Aliança Mundial pela Segurança Alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, com total responsabilidade climática”.

O petista ainda anunciou duas ações a serem realizadas em seu governo, uma delas a de que o Brasil sedie a COP-30, em 2025.

“A primeira iniciativa é a realização da Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica. Para que Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela possam, pela primeira vez, discutir de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, com inclusão social e responsabilidade climática”.

“A segunda iniciativa é oferecer o Brasil para sediar a COP 30, em 2025. Seremos cada vez mais afirmativos diante do desafio de enfrentar a mudança do clima, alinhados com os compromissos acordados em Paris e orientados pela busca da descarbonização da economia global”, emendou.

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