Múcio aciona Moraes para obter lista de militares que se reuniram com Delgatti em 2022

Em CPMI, o hacker afirmou ter se reunido cinco vezes com técnicos da Defesa e relatou uma conversa com o então ministro Paulo Sergio Nogueira

O hacker Walter Delgatti. Foto: Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, já enviou um ofício ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para obter acesso aos detalhes sobre os militares que se reuniram com o hacker Walter Delgatti, em 2022, na sede da pasta.

Em encontro nesta quarta-feira 23, em Brasília, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse a Múcio que a Polícia Federal precisaria de uma autorização de Moraes para fornecer os nomes dos militares envolvidos.

“Não posso socializar a suspeição, achar que todo esse prédio é suspeito. Desejo muito encontrar isso. O pior é ficar sem resposta”, disse Múcio após a agenda com Dino. “Não bastam os nomes, temos que identificar o que foi conversado, para que seja decidida a punição.”

Conforme apurou CartaCapital, a PF deve convocar o general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército, a prestar depoimento sobre as visitas de Delgatti à pasta no ano passado.

À CPMI do 8 de Janeiro, o hacker afirmou ter se reunido cinco vezes com técnicos do Ministério da Defesa e relatou uma conversa com Nogueira.

Conforme a versão do hacker, em 10 de agosto de 2022 o então presidente Jair Bolsonaro reforçou a ele um pedido: auxiliar técnicos do ministério a apontar ao Tribunal Superior Eleitoral uma suposta fragilidade nas urnas eletrônicas.


Além de Bolsonaro, participaram da reunião, de acordo com Delgatti, a deputada Carla Zambelli (PL-SP), o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel do Exército Marcelo Câmara, ambos auxiliares do ex-capitão.

O responsável por levar Delgatti à Defesa seria Câmara. À comissão mista, o hacker declarou que entrava na sede da pasta pela porta dos fundos, afirmação repetida em depoimento à PF. O objetivo seria evitar o registro de sua chegada nos sistemas da portaria central.

O suposto plano mirabolante do QG bolsonarista – e que teria sido discutido na Defesa – envolveria a implantação de um “código malicioso” em uma urna eletrônica para gerar dúvidas sobre a integridade do sistema entre eleitores.

Walter Delgatti também sustenta ter “orientado” a produção do relatório do Ministério da Defesa sobe as urnas, entregue ao TSE em novembro de 2022. A auditoria dos militares não identificou qualquer fraude no pleito, mas, ao contrário do monitoramento de outras entidades, levantou especulações e apresentou uma série de “recomendações”.

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