Justiça

MPF critica Tacla Duran e questiona juiz após depoimento sobre ‘extorsão’ na Lava Jato

Procurador da República também questionou o envio dos autos ao STF

O advogado Rodrigo Tacla Duran. Foto: Reprodução
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O Ministério Público Federal protocolou um pedido de explicações direcionado ao juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), Eduardo Appio, sobre o depoimento prestado na última segunda-feira 27 pelo advogado Rodrigo Tacla Duran.

Na oitiva, Duran afirmou ter sido alvo de um “bullying processual” no âmbito da Lava Jato. Ele também declarou ter sido vítima de uma suposta tentativa de extorsão e citou o ex-juiz Sergio Moro, atualmente senador pelo União Brasil, e o ex-procurador Deltan Dallagnol, hoje deputado federal pelo Podemos.

Como houve menção a parlamentares – ou seja, pessoas com prerrogativa de foro -, Appio decidiu encaminhar os autos ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal.

Segundo o ofício do MPF, assinado pelo procurador da República Walter José Mathias Junior, não havia urgência para a realização do depoimento, uma vez que a ação penal em questão havia sido suspensa por Lewandowski.

O órgão argumenta, entre outros pontos, que:

  • Duran usou a audiência para “tecer críticas aos trabalhos realizados pela força-tarefa e magistrados”;
  • como Duran teria “subvertido o propósito da audiência”, os atos do juiz Eduardo Appio no caso devem ser anulados;
  • a competência para processamento e julgamento dos fatos não seria do STF, mas da primeira instância, uma vez que as condutas atribuídas a Moro e Deltan teriam sido praticadas antes da posse como congressistas;
  • a inclusão de Duran no programa federal de proteção a testemunhas não se justificaria, porque ele é réu.

Na quarta 29, Lewandowski enviou à Procuradoria-Geral da República as acusações feitas por Duran. Agora, cabe ao procurador-geral Augusto Aras decidir se abrirá uma investigação sobre o suposto crime de extorsão.

Em nota divulgada após o depoimento de Tacla Duran, a assessoria de Sergio Moro sustentou que o senador é alvo de “calúnias” e não teme “qualquer investigação”. Deltan, por sua vez, se referiu a Eduardo Appio como “juiz lulista e midiático, que nem disfarça a tentativa de retaliar contra quem, ao contrário dele, lutou contra a corrupção”.

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