Política

Movimentação de Mauro Cid chega a R$ 3,2 milhões em 7 meses e é ‘incompatível com o patrimônio’, diz Coaf

Chamaram a atenção do órgão, entre outras, transferências feitas pelo tenente-coronel aos Estados Unidos em janeiro de 2023

Mauro Cid, antigo ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na CPMI do 8 de Janeiro. Foto Lula Marques/Agência Brasil.
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As contas bancárias do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, registraram movimentações financeiras consideradas “atípicas” e “incompatíveis” com seus rendimentos, segundo relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf. O teor do documento foi revelado pelo jornal O Globo nesta quinta-feira 27.

O militar é investigado pela Polícia Federal sob acusação de fraudes em cartões de vacinação contra a Covid-19. Cid, que está preso desde 3 de maio, também é alvo de apurações sobre a articulação de um golpe de Estado após as eleições de 2022.

No relatório, o Coaf diz ter identificado “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente” e “transferências unilaterais que, pela habitualidade e valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade”.

De acordo com o órgão, o militar teria movimentado 3,2 milhões de reais entre junho de 2022 e janeiro de 2023, registros considerados atípicos pelo fato de ele contar com uma remuneração mensal de pouco mais de 26 mil reais. No período analisado pelo Coaf, Cid fez operações de 1,4 milhão em débitos e 1,8 milhão em créditos.

Chamaram a atenção do órgão, por exemplo, transferências feitas pelo tenente-coronel aos Estados Unidos em 12 de janeiro de 2023. No total, foram 367,3 mil reais em remessas enviadas aos EUA quando Cid e Bolsonaro estavam no país.

“Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se”, diz o relatório.

Outro detalhe pontuado no documento é a participação de terceiros nas transações fiscalizadas. Ao menos quatro pessoas realizaram transferências para Cid, entre elas o sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, preso pela PF no âmbito da operação que investiga a fraude nos cartões de vacinação.

Para o Coaf, as movimentações registradas entre Cid e Reis podem configurar “crime de lavagem de dinheiro”.

“Considerando a movimentação atípica sem justificativa e as citações desabonadoras na mídia tanto do analisado como do principal beneficiário, comunicamos pela possibilidade de constituir em vício do crime de lavagem de dinheiro ou com ela relacionar-se”, acrescenta o relatório.

Procurada pelo jornal, a defesa de Mauro Cid afirmou que “todas as movimentações financeiras do tenente-coronel, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal”.

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