Política

Mourão diz que atos pró-democracia são “abuso” e chama manifestantes de “delinquentes”

Para o general, ‘ações criminosas’ não podem servir como contraponto a ‘exageros retóricos impensadamente lançados contra as instituições’

O General Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil. Foto: Suamy Beydoun/AGIF/AFP O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), cuja mulher é contratada pela Poupex. Foto: Suamy Beydoun/AGIF/AFP
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Em artigo publicado no Estado de S. Paulo nesta quarta-feira 3, o general e vice-presidente da República, Hamilton Mourão, declarou que as manifestações pró-democracia ocorridas no domingo 31, em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, constituem um “abuso, por ferirem, literalmente, pessoas e o patrimônio público e privado, todos protegidos pela democracia”. Mourão chamou os participantes de “delinquentes” e disse que os atos estão ligados ao “extremismo internacional”.

“É um abuso esquecer quem são eles, bem como apresentá-los como contraparte dos apoiadores do governo na tentativa de transformá-los em manifestantes legítimos. Baderneiros são caso de polícia, não de política”, afirmou.

“Portanto, não me dirijo a eles, sempre perdidos de armas na mão, os que em verdade devem ser conduzidos debaixo de vara às barras da lei. Dirijo-me aos que os usam, querendo fazê-los de arma política; aos que, por suas posições na sociedade, detêm responsabilidades institucionais, acrescentou.

O vice-presidente disse que a defesa da democracia está fundada na prática existencial da tolerância e do diálogo e questionou a intenção dos atos realizados no País. “Aonde querem chegar? A incendiar as ruas do País, como em 2013? A ensanguentá-las, como aconteceu em outros países? Isso pode servir para muita coisa, jamais para defender a democracia. E o País já aprendeu quanto custa esse erro”.

Mourão questionou o apoio de lideranças políticas e da cobertura da imprensa às manifestações, referindo-se a elas como “ações criminosas” e acrescentou que não são admissíveis como contraposição “a exageros retóricos impensadamente lançados contra as instituições do Congresso e do Supremo Tribunal Federal”. “Poderá haver quem pense estar ocorrendo uma extrapolação das declarações do presidente da República ou de seus apoiadores para justificar ataques à institucionalidade do País”, declarou.

O general ainda disse que  associar mais um episódio de violência e racismo nos Estados Unidos à realidade brasileira é “forçar a mão” e falou sobre a necessidade de convergência em torno de uma agenda mínima de reformas e respostas diante de “uma catástrofe fiscal herdada de administrações tomadas por ideologia, ineficiência e corrupção”, acentuada com a social, devida à pandemia do coronavírus.

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